22.12.07
SER FORTE
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O que significa ser forte?
Quem é forte? Quem é fraco?
Cada um de nós pode se tornar mais forte do que supõe.
Clique aqui para ver a mensagem em vídeo no site do YouTube. Vale a pena ver com a opção de "tela cheia" e som ligado.
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ser forte
9.12.07
MEU DEUS!
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Ajuda-me a dizer a palavra da verdade na cara dos fortes, e a não mentir para obter o aplauso dos débeis.
Se me dás dinheiro, não tomes a minha felicidade, e se me dás forças, não tires o meu raciocínio. Se me dás êxito, não me tires a humildade, se me dás humildade, não tires a minha dignidade. Ajuda-me a conhecer a outra face da realidade, e não me deixes acusar os meus adversários, apodando-os de traidores, porque não partilham o meu critério.
Ensina-me a amar os outros como me amo a mim mesmo, e a julgar-me como o faço com os outros.
Não me deixes embriagar com o êxito, quando o consigo, nem a desesperar, se fracasso. Sobretudo, faz-me sempre recordar que o fracasso é a prova que antecede o êxito.
Ensina-me que a tolerância é o mais alto grau da força e que o desejo de vingança é a primeira manifestação da debilidade.
Se me despojas do dinheiro, deixa-me a esperança, e se me despojas do êxito, deixa-me a força de vontade para poder vencer o fracasso.
Se me despojas do dom da saúde deixa-me a graça da fé.
Se causo dano a alguém, dá-me a força da desculpa, e se alguém me causa dano, dá-me a força do perdão e da clemência.
Meu Deus, se me esquecer de Ti, Tu não Te esqueças de mim.
(Mahatma Ghandi).
Texto obtido por cópia livre na página de Helena Nóbrega, em Usina de Letras.
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Ajuda-me a dizer a palavra da verdade na cara dos fortes, e a não mentir para obter o aplauso dos débeis.
Se me dás dinheiro, não tomes a minha felicidade, e se me dás forças, não tires o meu raciocínio. Se me dás êxito, não me tires a humildade, se me dás humildade, não tires a minha dignidade. Ajuda-me a conhecer a outra face da realidade, e não me deixes acusar os meus adversários, apodando-os de traidores, porque não partilham o meu critério.
Ensina-me a amar os outros como me amo a mim mesmo, e a julgar-me como o faço com os outros.
Não me deixes embriagar com o êxito, quando o consigo, nem a desesperar, se fracasso. Sobretudo, faz-me sempre recordar que o fracasso é a prova que antecede o êxito.
Ensina-me que a tolerância é o mais alto grau da força e que o desejo de vingança é a primeira manifestação da debilidade.
Se me despojas do dinheiro, deixa-me a esperança, e se me despojas do êxito, deixa-me a força de vontade para poder vencer o fracasso.
Se me despojas do dom da saúde deixa-me a graça da fé.
Se causo dano a alguém, dá-me a força da desculpa, e se alguém me causa dano, dá-me a força do perdão e da clemência.
Meu Deus, se me esquecer de Ti, Tu não Te esqueças de mim.
(Mahatma Ghandi).
Texto obtido por cópia livre na página de Helena Nóbrega, em Usina de Letras.
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3.12.07
FICAR MAIS VELHO É UMA ARTE
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Fim de ano vem, Ano Novo vai, vem ano, vai ano... Festas e férias à parte, vemos o tempo inexorável marchando sem parar.
Quando temos 10 ou 15 anos de idade, o tempo passa devagar. Como temos desejos e sonhos que ainda não estão ao nosso alcance, queremos que o tempo passe rapidamente. Entretanto, nessa fase da vida, uma década parece uma eternidade... Mas quando se chega à plena maturidade, a percepção cronológica vai mudando. Aos 60 ou 70, uma década terá passado com muita rapidez, talvez uma incômoda rapidez.
Esse é o inevitável curso da vida. Para mim, para você e para todos. Conciliar-se com essa realidade é uma questão de harmonia e sabedoria. Envelhecer pode ser uma etapa dramática ou harmoniosa. Doce ou amarga. Depende de nós. Depende de nossa arte e de nossa lógica.
É como o inverno. Há que saber entender-se com ele e descobrir o que de bom ele significa. Não é sábio esperar da natureza e da vida apenas uma das suas faces. A vida é feita de elementos distintos, mas interligados. Opostos, mas sucessivos. Temos sol e temos chuva. Há o dia, depois a noite. O que seria de nós se não soubéssemos o que fazer da noite e dos dias de chuva?
Assim acontece em relação à juventude e à velhice. Deixar que a fase pós-juventude se torne um capítulo triste é não encará-la com inteligência. Há tempo de plantar e há tempo de colher. E para quem não plantou no devido tempo, há até o consolo de saber que, ainda assim, existem chances de colher alguma coisa.
Quaisquer que sejam nossas concepções de vida e nossas convicções pessoais, há duas verdades fundamentais. A primeira: só não envelhece quem morre antes. A outra: a segunda metade da vida também nos abre possibilidades. Cabe-nos descobrir o que colher nessa fase. Descobrir, principalmente, que doando também se colhe.
"Tudo tem seu tempo determinado. Há tempo para tudo debaixo do céu. Há tempo de plantar e de colher. Há tempo de espalhar e tempo de recolher o que se espalhou. Há tempo de amar e aborrecer. Tempo de cair e de levantar ..." (livro de Eclesiastes, capítulo 3).
Escrito por Ricardo Zani
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Fim de ano vem, Ano Novo vai, vem ano, vai ano... Festas e férias à parte, vemos o tempo inexorável marchando sem parar.
Quando temos 10 ou 15 anos de idade, o tempo passa devagar. Como temos desejos e sonhos que ainda não estão ao nosso alcance, queremos que o tempo passe rapidamente. Entretanto, nessa fase da vida, uma década parece uma eternidade... Mas quando se chega à plena maturidade, a percepção cronológica vai mudando. Aos 60 ou 70, uma década terá passado com muita rapidez, talvez uma incômoda rapidez.
Esse é o inevitável curso da vida. Para mim, para você e para todos. Conciliar-se com essa realidade é uma questão de harmonia e sabedoria. Envelhecer pode ser uma etapa dramática ou harmoniosa. Doce ou amarga. Depende de nós. Depende de nossa arte e de nossa lógica.
É como o inverno. Há que saber entender-se com ele e descobrir o que de bom ele significa. Não é sábio esperar da natureza e da vida apenas uma das suas faces. A vida é feita de elementos distintos, mas interligados. Opostos, mas sucessivos. Temos sol e temos chuva. Há o dia, depois a noite. O que seria de nós se não soubéssemos o que fazer da noite e dos dias de chuva?
Assim acontece em relação à juventude e à velhice. Deixar que a fase pós-juventude se torne um capítulo triste é não encará-la com inteligência. Há tempo de plantar e há tempo de colher. E para quem não plantou no devido tempo, há até o consolo de saber que, ainda assim, existem chances de colher alguma coisa.
Quaisquer que sejam nossas concepções de vida e nossas convicções pessoais, há duas verdades fundamentais. A primeira: só não envelhece quem morre antes. A outra: a segunda metade da vida também nos abre possibilidades. Cabe-nos descobrir o que colher nessa fase. Descobrir, principalmente, que doando também se colhe.
"Tudo tem seu tempo determinado. Há tempo para tudo debaixo do céu. Há tempo de plantar e de colher. Há tempo de espalhar e tempo de recolher o que se espalhou. Há tempo de amar e aborrecer. Tempo de cair e de levantar ..." (livro de Eclesiastes, capítulo 3).
Escrito por Ricardo Zani
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22.11.07
ENVELHECER COM DIGNIDADE E SAÚDE
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Existe alguma fórmula para se alcançar a "fonte da juventude"? Qual é o fator fundamental para um envelhecimento digno e saudável?
Em algum momento da vida, certamente a maioria das pessoas estará em busca de respostas para perguntas como essas. Para muitos, respostas corretas serão de altíssima importância. Afinal, ninguém quer que sua fase mais madura da vida seja uma seqüência de sofrimento, insegurança e agonia.
Para o médico Alessandro Loiola, a resposta para essas perguntas está ao nosso alcance: a consciência.
Essa é tônica do livro Para Além da Juventude, escrito pelo Dr. Alessandro e lançado pela Editora Leitura.
Para quem costuma desconfiar das aparentes invenções de fórmulas milagrosas (com muita razão), vale lembrar que esse enfoque do livro se alinha com a visão de grandes estudiosos do assunto, inclusive do médico Deepak Chopra, autor de Corpo sem idade, Mente sem Fronteiras, dentre muitos outros livros.
Saiba mais sobre Alessandro Loiola e seu novo livro.
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Existe alguma fórmula para se alcançar a "fonte da juventude"? Qual é o fator fundamental para um envelhecimento digno e saudável?
Em algum momento da vida, certamente a maioria das pessoas estará em busca de respostas para perguntas como essas. Para muitos, respostas corretas serão de altíssima importância. Afinal, ninguém quer que sua fase mais madura da vida seja uma seqüência de sofrimento, insegurança e agonia.
Para o médico Alessandro Loiola, a resposta para essas perguntas está ao nosso alcance: a consciência.
Essa é tônica do livro Para Além da Juventude, escrito pelo Dr. Alessandro e lançado pela Editora Leitura.
Para quem costuma desconfiar das aparentes invenções de fórmulas milagrosas (com muita razão), vale lembrar que esse enfoque do livro se alinha com a visão de grandes estudiosos do assunto, inclusive do médico Deepak Chopra, autor de Corpo sem idade, Mente sem Fronteiras, dentre muitos outros livros.
Saiba mais sobre Alessandro Loiola e seu novo livro.
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24.10.07
LIÇÕES EM FAMÍLIA
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Existe uma etapa da vida que costuma ser particularmente delicada e complexa, mas que muitos preferem ignorar. Por isso, não se preparam para lidar com ela do modo mais adequado. Quase sempre, a situação envolve mais de uma pessoa: alguém que precisa de cuidados e alguém que saiba e queira cuidar.
"Cuidar de parentes idosos não é fácil. Tanto que há cursos para amenizar o desgaste físico e emocional de todos os envolvidos", avisa o repórter ao iniciar o assunto.
Recomendo a leitura de uma interessante matéria sobre o assunto, já liberada para acesso de não assinantes (LIÇÕES EM FAMÍLIA), no site da editora Abril:
Clique aqui para ler.
OUTROS ASSUNTOS RELACIONADOS:
Teste de funções cognitivas, online (não substitui a avaliação médica)
Existe uma etapa da vida que costuma ser particularmente delicada e complexa, mas que muitos preferem ignorar. Por isso, não se preparam para lidar com ela do modo mais adequado. Quase sempre, a situação envolve mais de uma pessoa: alguém que precisa de cuidados e alguém que saiba e queira cuidar.
"Cuidar de parentes idosos não é fácil. Tanto que há cursos para amenizar o desgaste físico e emocional de todos os envolvidos", avisa o repórter ao iniciar o assunto.
Recomendo a leitura de uma interessante matéria sobre o assunto, já liberada para acesso de não assinantes (LIÇÕES EM FAMÍLIA), no site da editora Abril:
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Teste de funções cognitivas, online (não substitui a avaliação médica)
Algumas iniciativas relacionadas à capacitação de Cuidadores de Idosos:
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16.10.07
ALGO ESTÁ INCOMODANDO MUITO?
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Existe algo que não vai bem com você ou com sua vida? As coisas parecem erradas ou sem sentido? Nada mais lhe dá o mesmo prazer de antes? Antes de tirar qualquer conclusão, veja este vídeo (clique aqui).
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nada me faz feliz,
sofrimento,
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vida sem sentido,
vida vazia
12.10.07
A PALESTRA DE UMA VIDA
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A Revista Veja liberou ao público, em seu site, interessante matéria sobre um homem que está dando uma lição de vida. "O professor de ciência da computação Randy Pausch, da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, tem 46 anos e um câncer terminal. Seu prognóstico é sombrio. Restam-lhe apenas alguns meses de vida. No último dia 18, Pausch despediu-se de uma platéia de 400 pessoas, entre alunos e colegas da universidade, com a palestra intitulada Como viver os seus sonhos de infância. Por seu tom positivo e impactante, o jornal americano The Wall Street Journal a chamou de a palestra de uma vida."
Leia a matéria da revista Veja e assista ao vídeo de Pausch.
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A Revista Veja liberou ao público, em seu site, interessante matéria sobre um homem que está dando uma lição de vida. "O professor de ciência da computação Randy Pausch, da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, tem 46 anos e um câncer terminal. Seu prognóstico é sombrio. Restam-lhe apenas alguns meses de vida. No último dia 18, Pausch despediu-se de uma platéia de 400 pessoas, entre alunos e colegas da universidade, com a palestra intitulada Como viver os seus sonhos de infância. Por seu tom positivo e impactante, o jornal americano The Wall Street Journal a chamou de a palestra de uma vida."
Leia a matéria da revista Veja e assista ao vídeo de Pausch.
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1.10.07
A CULTURA DO SLOW DOWN
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Recebi por e-mail uma dessas mensagens que a gente tem de repassar e guardar cópia para ler, reler e crescer interiormente. A mensagem é especial por vários motivos, mas, principalmente, pelo poder de transformação embutido em sua reflexão e pelo pressuposto de que é possível (e desejável) harmonizar a aparente loucura da vida moderna (competitividade no mundo globalizado, exigências do mercado de trabalho, sucesso profissional, etc) com uma filosofia de vida pessoal pautada na serenidade, paz interior e muita qualidade de vida.
Como? Veja, a seguir, esse relato pessoal (o arquivo que circulou na internet, do qual recebi cópia, não identifica o autor nem a pessoa a quem se atribui o relato).
Há 18 anos ingressei na Volvo, empresa sueca bem conhecida.
Trabalhar com eles é uma convivência muito interessante. Qualquer projeto aqui demora dois anos para concretizar-se, mesmo que a idéia seja brilhante e simples. É uma regra.
Os processos globalizados causam-nos a nós (portugueses, brasileiros, argentinos, colombianos, peruanos, venezuelanos, mexicanos, australianos, asiáticos, etc.) uma ansiedade generalizada na busca de resultados imediatos. Consequentemente, o nosso sentido de urgência não surte efeito dentro dos prazos lentos dos suecos. Eles trabalham! com um esquema bem mais “slowdown".
O melhor é constatar que, no fim, isto acaba por dar sempre resultados no tempo deles (suecos) já que conjugando a necessidade amadurecida com a tecnologia apropriada, é muito pouco o que se perde aqui na Suécia.
E a suécia tem grandes empresas: Volvo, Skandia, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia, Nobel Biocare , etc.
Para se ter uma idéia da sua importância basta mencionar que a Volvo fabrica os motores de propulsão para os foguetes da NASA.
Os suecos podem estar enganados, mas são eles que me pagam o salário. Devo referir que não conheço nenhum outro povo com uma cultura coletiva superior à dos suecos.
Vou lhes contar uma pequena história, para terem idéia desta cultura:
A primeira vez que fui para a Suécia, em 1990, um dos meus colegas suecos apanhava-me no hotel todas as manhãs.
Estávamos em Setembro, já com algum frio e neve. Chegávamos cedo à Volvo e ele estacionava o carro longe da porta de entrada (são 2000 empregados que vão de carro para a empresa).
No primeiro dia não fiz qualquer comentário, nem tão pouco no segundo ou no terceiro. Num dos dias seguintes, já com um pouco mais de confiança, perguntei-lhe: "Vocês têm aqui lugar fixo para estacionar? Chegamos sempre cedo e com o parque quase vazio e estacionas o carro sempre no seu extremo…"
E ele respondeu-me com simplicidade: “É que como chegamos cedo temos tempo para andar, e quem chega mais tarde, já vai entrar atrasado, portanto é melhor para ele encontrar um lugar mais perto da porta. Não te parece?"
Imaginem a minha cara! Esta atitude foi a bastante para que eu revisse todos os meus conceitos anteriores.
Alguns países da comunidade européia já segue o chamado "Slow Food".
A “Slow Food International Association”, cujo símbolo é um caracol, tem a sua sede em Itália (o site na Internet é muito intereressante.www.slowfood.com). O que o movimento Slow Food preconiza é que se deve comer e beber com calma, dar tempo para saborear os alimentos, desfrutar da sua preparação, em família, com amigos, sem pressa e com qualidade.
A ideia é contraposição ao espírito do Fast Food e o que ele representa como estilo de vida.
Verdadeiramente surpreendente, é que este movimento de Slow Food está a servir de base para um movimento mais amplo chamado “Slow Europe” como salientou a revista Business Week numa das suas últimas edições europeias.
Na base de tudo isto está o questionamento da "pressa" e da "loucura" geradas pela globalização, pelo desejo de "ter em quantidade" (nível de vida) em contraponto ao "ter em qualidade", “Qualidade de vida" ou “Qualidade do ser".
Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, ainda que trabalhem menos horas (35 horas por semana) são mais produtivos que os seus colegas americanos e ingleses.
E os alemães, que em muitas empresas já implantaram a semana de 28,8 horas de trabalho, viram a sua produtividade aumentar uns apreciáveis 20%. A denominada "slow attitude" está a chamar a atenção dos próprios americanos, escravos do "fast" (rápido) e do "do it now!" (faça já!).
Portanto, esta "atitude sem pressa" não significa fazer menos nem ter menor produtividade.Significa sim, trabalhar e fazer as coisas com "mais qualidade" e "mais produtividade", com maior perfeição, com atenção aos detalhes e com menos stress.
Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do prazer dum belo ócio e da vida em pequenas comunidades.
Do "aqui" presente e concreto, em contraposição ao "mundial" indefinido e anónimo.
Significa retomar os valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do quotidiano, da simplicidade de viver e conviver, e até da religião e da fé.
SIGNIFICA UM AMBIENTE DE TRABALHO MENOS COERCIVO, MAIS ALEGRE, MAIS LEVE, E PORTANTO MAIS PRODUTIVO, ONDE OS SERES HUMANOS REALIZAM, COM PRAZER, O QUE MELHOR SABEM FAZER.
É saudável refletir sobre tudo isto. Será que os antigos provérbios: “Devagar se vai ao longe" e “A pressa é inimiga da perfeição" merecem novamente a nossa atenção nestes tempos de loucura desenfreada? Não seria útil e desejável que as empresas da nossa comunidade, cidade, Estado ou país, começassem já a pensar em desenvolver programas sérios de “qualidade sem pressa" até para aumentarem a produtividade e a qualidade dos produtos e serviços sem necessariamente se perder “qualidade do ser"?
No filme "Perfume de Mulher" há uma cena inesquecível na qual o cego (interpretado por Al Pacino) convida uma jovem para dançar e ela responde: "Não posso, o meu noivo deve estar a chegar". Ao que o cego responde: “Num momento, vive-se uma vida", e leva-a a dançar um tango. É o melhor momento do filme, esta cena que dura apenas dois ou três minutos. É o melhor momento do filme, esta cena que dura apenas dois ou três minutos.
Muitos vivem a correr atrás do tempo, mas só o alcançam quando morrem, quer seja de enfarte ou num acidente na auto-estrada por correrem para chegar a tempo.
Ou outros que, tão ansiosos para viverem o futuro, esquecem-se de viver o presente, que é o único tempo que realmente existe.
O tempo é o mesmo para todos, ninguém tem nem mais nem menos de 24 horas por dia. A diferença está no que cada um faz do seu tempo.
Temos de saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon, “A vida é aquilo que acontece enquanto planejamos o futuro".
Parabéns por ter conseguido ler esta mensagem até ao fim. Decerto haverá muitos que leram só metade para "não perder tempo" tão valioso neste mundo globalizado.
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Recebi por e-mail uma dessas mensagens que a gente tem de repassar e guardar cópia para ler, reler e crescer interiormente. A mensagem é especial por vários motivos, mas, principalmente, pelo poder de transformação embutido em sua reflexão e pelo pressuposto de que é possível (e desejável) harmonizar a aparente loucura da vida moderna (competitividade no mundo globalizado, exigências do mercado de trabalho, sucesso profissional, etc) com uma filosofia de vida pessoal pautada na serenidade, paz interior e muita qualidade de vida.
Como? Veja, a seguir, esse relato pessoal (o arquivo que circulou na internet, do qual recebi cópia, não identifica o autor nem a pessoa a quem se atribui o relato).
Há 18 anos ingressei na Volvo, empresa sueca bem conhecida.
Trabalhar com eles é uma convivência muito interessante. Qualquer projeto aqui demora dois anos para concretizar-se, mesmo que a idéia seja brilhante e simples. É uma regra.
Os processos globalizados causam-nos a nós (portugueses, brasileiros, argentinos, colombianos, peruanos, venezuelanos, mexicanos, australianos, asiáticos, etc.) uma ansiedade generalizada na busca de resultados imediatos. Consequentemente, o nosso sentido de urgência não surte efeito dentro dos prazos lentos dos suecos. Eles trabalham! com um esquema bem mais “slowdown".
O melhor é constatar que, no fim, isto acaba por dar sempre resultados no tempo deles (suecos) já que conjugando a necessidade amadurecida com a tecnologia apropriada, é muito pouco o que se perde aqui na Suécia.
E a suécia tem grandes empresas: Volvo, Skandia, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia, Nobel Biocare , etc.
Para se ter uma idéia da sua importância basta mencionar que a Volvo fabrica os motores de propulsão para os foguetes da NASA.
Os suecos podem estar enganados, mas são eles que me pagam o salário. Devo referir que não conheço nenhum outro povo com uma cultura coletiva superior à dos suecos.
Vou lhes contar uma pequena história, para terem idéia desta cultura:
A primeira vez que fui para a Suécia, em 1990, um dos meus colegas suecos apanhava-me no hotel todas as manhãs.
Estávamos em Setembro, já com algum frio e neve. Chegávamos cedo à Volvo e ele estacionava o carro longe da porta de entrada (são 2000 empregados que vão de carro para a empresa).
No primeiro dia não fiz qualquer comentário, nem tão pouco no segundo ou no terceiro. Num dos dias seguintes, já com um pouco mais de confiança, perguntei-lhe: "Vocês têm aqui lugar fixo para estacionar? Chegamos sempre cedo e com o parque quase vazio e estacionas o carro sempre no seu extremo…"
E ele respondeu-me com simplicidade: “É que como chegamos cedo temos tempo para andar, e quem chega mais tarde, já vai entrar atrasado, portanto é melhor para ele encontrar um lugar mais perto da porta. Não te parece?"
Imaginem a minha cara! Esta atitude foi a bastante para que eu revisse todos os meus conceitos anteriores.
Alguns países da comunidade européia já segue o chamado "Slow Food".
A “Slow Food International Association”, cujo símbolo é um caracol, tem a sua sede em Itália (o site na Internet é muito intereressante.www.slowfood.com). O que o movimento Slow Food preconiza é que se deve comer e beber com calma, dar tempo para saborear os alimentos, desfrutar da sua preparação, em família, com amigos, sem pressa e com qualidade.
A ideia é contraposição ao espírito do Fast Food e o que ele representa como estilo de vida.
Verdadeiramente surpreendente, é que este movimento de Slow Food está a servir de base para um movimento mais amplo chamado “Slow Europe” como salientou a revista Business Week numa das suas últimas edições europeias.
Na base de tudo isto está o questionamento da "pressa" e da "loucura" geradas pela globalização, pelo desejo de "ter em quantidade" (nível de vida) em contraponto ao "ter em qualidade", “Qualidade de vida" ou “Qualidade do ser".
Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, ainda que trabalhem menos horas (35 horas por semana) são mais produtivos que os seus colegas americanos e ingleses.
E os alemães, que em muitas empresas já implantaram a semana de 28,8 horas de trabalho, viram a sua produtividade aumentar uns apreciáveis 20%. A denominada "slow attitude" está a chamar a atenção dos próprios americanos, escravos do "fast" (rápido) e do "do it now!" (faça já!).
Portanto, esta "atitude sem pressa" não significa fazer menos nem ter menor produtividade.Significa sim, trabalhar e fazer as coisas com "mais qualidade" e "mais produtividade", com maior perfeição, com atenção aos detalhes e com menos stress.
Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do prazer dum belo ócio e da vida em pequenas comunidades.
Do "aqui" presente e concreto, em contraposição ao "mundial" indefinido e anónimo.
Significa retomar os valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do quotidiano, da simplicidade de viver e conviver, e até da religião e da fé.
SIGNIFICA UM AMBIENTE DE TRABALHO MENOS COERCIVO, MAIS ALEGRE, MAIS LEVE, E PORTANTO MAIS PRODUTIVO, ONDE OS SERES HUMANOS REALIZAM, COM PRAZER, O QUE MELHOR SABEM FAZER.
É saudável refletir sobre tudo isto. Será que os antigos provérbios: “Devagar se vai ao longe" e “A pressa é inimiga da perfeição" merecem novamente a nossa atenção nestes tempos de loucura desenfreada? Não seria útil e desejável que as empresas da nossa comunidade, cidade, Estado ou país, começassem já a pensar em desenvolver programas sérios de “qualidade sem pressa" até para aumentarem a produtividade e a qualidade dos produtos e serviços sem necessariamente se perder “qualidade do ser"?
No filme "Perfume de Mulher" há uma cena inesquecível na qual o cego (interpretado por Al Pacino) convida uma jovem para dançar e ela responde: "Não posso, o meu noivo deve estar a chegar". Ao que o cego responde: “Num momento, vive-se uma vida", e leva-a a dançar um tango. É o melhor momento do filme, esta cena que dura apenas dois ou três minutos. É o melhor momento do filme, esta cena que dura apenas dois ou três minutos.
Muitos vivem a correr atrás do tempo, mas só o alcançam quando morrem, quer seja de enfarte ou num acidente na auto-estrada por correrem para chegar a tempo.
Ou outros que, tão ansiosos para viverem o futuro, esquecem-se de viver o presente, que é o único tempo que realmente existe.
O tempo é o mesmo para todos, ninguém tem nem mais nem menos de 24 horas por dia. A diferença está no que cada um faz do seu tempo.
Temos de saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon, “A vida é aquilo que acontece enquanto planejamos o futuro".
Parabéns por ter conseguido ler esta mensagem até ao fim. Decerto haverá muitos que leram só metade para "não perder tempo" tão valioso neste mundo globalizado.
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20.9.07
SONO: 10 RECOMENDAÇÕES PARA QUEM QUER DORMIR MELHOR
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Ficar acordado quando é hora de dormir. Isso pode ser normal e até desejável para quem faz essa opção voluntariamente ou precisa manter-se em vigília. Mas quando o motivo é a dificuldade crônica de conciliar o sono, a questão pode se tornar uma tortura, além de prejudicial à saúde e ao rendimento físico e mental. Para dormir melhor, estas são as 10 recomendações básicas da maioria dos especialistas:
1º - Estabeleça uma rotina
Ir para a cama e acordar no mesmo horário todos os dias – mesmo no fim de semana – é um jeito de se acostumar a dormir na hora certa.
2º - Calma à noite
Trabalhar ou comer na cama tira o sono. Estabeleça um limite de uma hora antes de dormir para as atividades pouco relaxantes, como conversas animadas e internet.
3º - Evite sonecas durante o dia
O cochilo depois do almoço é saudável e garante o descanso necessário para enfrentar o trabalho no resto do dia. Mas, se passar dos 40 minutos, pode prejudicar o sono à noite.
4º - Excesso de luz
A luminosidade prejudica a produção de melatonina, hormônio que induz ao sono e só é produzido no escuro. Se acordar no meio da noite, procure manter os olhos fechados.
5º - Demorou? Paciência!
Se não conseguir adormecer em 15 minutos, é melhor levantar, ler um livro ou escutar música suave. Volte para a cama quando se sentir sonolento.
6º - Dê tempo à digestão
O processo digestivo demora de duas a três horas. Se você comeu pesado, espere para deitar. E lembre: café, chá preto, refrigerante, bebida alcoólica e cigarro tiram o sono!
7º - Tome um banho quente
Isso aumenta a temperatura do corpo, relaxa os músculos e facilita o sono mais profundo.
8º - Movimente-se!
Exercícios físicos com regularidade ajudam a dormir melhor. Mas evite ginástica ou esportes perto da hora de dormir. A descarga de adrenalina provocada pela ginástica pode causar insônia.
9º - Não leve problemas para a cama
Para muita gente, anotar num caderno todas as preocupações uma hora antes de dormir ajuda a aliviar a cabeça.
10º - Cama não é poltrona, foi feita para dormir
Quem passa muito tempo deitado acaba sem sono.
Síntese extraída do programa Globo Repórter (Rede Globo), apresentado em 14.9.2007, em matéria especial sobre o sono. Para ver o vídeo ou ler a matéria do Globo Repórter, clique aqui.
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Ficar acordado quando é hora de dormir. Isso pode ser normal e até desejável para quem faz essa opção voluntariamente ou precisa manter-se em vigília. Mas quando o motivo é a dificuldade crônica de conciliar o sono, a questão pode se tornar uma tortura, além de prejudicial à saúde e ao rendimento físico e mental. Para dormir melhor, estas são as 10 recomendações básicas da maioria dos especialistas:
1º - Estabeleça uma rotina
Ir para a cama e acordar no mesmo horário todos os dias – mesmo no fim de semana – é um jeito de se acostumar a dormir na hora certa.
2º - Calma à noite
Trabalhar ou comer na cama tira o sono. Estabeleça um limite de uma hora antes de dormir para as atividades pouco relaxantes, como conversas animadas e internet.
3º - Evite sonecas durante o dia
O cochilo depois do almoço é saudável e garante o descanso necessário para enfrentar o trabalho no resto do dia. Mas, se passar dos 40 minutos, pode prejudicar o sono à noite.
4º - Excesso de luz
A luminosidade prejudica a produção de melatonina, hormônio que induz ao sono e só é produzido no escuro. Se acordar no meio da noite, procure manter os olhos fechados.
5º - Demorou? Paciência!
Se não conseguir adormecer em 15 minutos, é melhor levantar, ler um livro ou escutar música suave. Volte para a cama quando se sentir sonolento.
6º - Dê tempo à digestão
O processo digestivo demora de duas a três horas. Se você comeu pesado, espere para deitar. E lembre: café, chá preto, refrigerante, bebida alcoólica e cigarro tiram o sono!
7º - Tome um banho quente
Isso aumenta a temperatura do corpo, relaxa os músculos e facilita o sono mais profundo.
8º - Movimente-se!
Exercícios físicos com regularidade ajudam a dormir melhor. Mas evite ginástica ou esportes perto da hora de dormir. A descarga de adrenalina provocada pela ginástica pode causar insônia.
9º - Não leve problemas para a cama
Para muita gente, anotar num caderno todas as preocupações uma hora antes de dormir ajuda a aliviar a cabeça.
10º - Cama não é poltrona, foi feita para dormir
Quem passa muito tempo deitado acaba sem sono.
Síntese extraída do programa Globo Repórter (Rede Globo), apresentado em 14.9.2007, em matéria especial sobre o sono. Para ver o vídeo ou ler a matéria do Globo Repórter, clique aqui.
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recomendações para dormir melhor,
sono
28.8.07
A DOR DA MORTE
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A fragilidade humana e a dor da morte são realidades inerentes à nossa vida e causas dos nossos maiores sofrimentos, isolada ou coletivamente. Tentar ignorá-las, mascará-las ou fugir delas são formas hipócritas e inadequadas de lidar com o problema. Conheça, abaixo, as opiniões e os ensinamentos de um dos especialistas mais experientes e respeitados do mundo nessa área, que concedeu entrevista à Revista Veja:
Entrevista com o psiquiatra Colin Murray Parkes
Matéria de Juliana Linhares, publicada na Revista Veja - edição 2021, de
13/8/2007 (obtida por cópia livre do clipping eletrônico do Ministério do Planejamento em http://clipping.planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=374701 )
O psiquiatra inglês diz o que alivia e o que agrava
"As pessoas enlutadas, em geral, têm um alto grau de
"Na qualidade de um dos mais respeitados estudiosos do luto do mundo, o psiquiatra inglês Colin Murray Parkes, 79 anos, viu de perto grandes tragédias e o sofrimento que elas podem causar a populações inteiras. Em 2005, ele foi chamado pelo governo britânico para dar assistência psicológica a vítimas do tsunami que atingiu vários países banhados pelo Oceano Índico, matando um total de 225 000 pessoas. Três anos antes, havia trabalhado na assistência a parentes de vítimas dos atentados de 11 de setembro em Nova York, que resultaram na morte de quase 3 000 pessoas. Mas o trabalho de Parkes não se resume a apoiar as vítimas de grandes desastres: consultor até o ano passado do St. Christopher"s Hospice, hospital inglês que é a maior referência mundial em tratamento de pacientes terminais, ele lidou por mais de quarenta anos com dramas cotidianos: aqueles vividos pelas famílias que perderam alguém no leito do hospital. Em entrevista concedida a VEJA, o psiquiatra falou sobre a dor de quem vai e de quem fica e como lidar com ela.
Veja – O que se pode fazer para ajudar uma pessoa que perdeu alguém?
Parkes – Ficar próximo dela, abraçá-la, fazê-la sentir-se compreendida e segura. Para as pessoas que perderam alguém, especialmente se a morte estiver ligada a uma situação criminal, o mundo pode parecer um lugar bastante perigoso. Parentes de vítimas ficam assustados e chegam a ter medo de estranhos. Para ajudar essas pessoas, é preciso despertar sua confiança e transmitir-lhes segurança para começar a falar e a pensar naquilo que as faz sentir-se em perigo. Deixá-las expressar sua tristeza também é importante. Ouço muitas reclamações de enlutados. Eles dizem que a família não os deixa chorar – quer vê-los alegres o tempo todo. Não há nada pior do que alguém lhe dizendo: "Não quero ver você triste assim, por favor!". Outra coisa que devasta essas pessoas é quando elas percebem que os vizinhos e os amigos se afastam delas. Escuto muitas histórias de enlutados que afirmam que seus vizinhos mudam de calçada quando os vêem chegando. É evidente que eles não fazem isso de propósito. O fato é que ninguém sabe lidar direito com a morte.
Veja – E no caso de familiares de vítimas de grandes tragédias, como a do acidente da TAM, no Brasil? Como amenizar seu sofrimento?
Parkes – No período imediatamente posterior ao acidente, o que as famílias mais precisam é de informação e instrução. Psicologicamente, é mais fácil lidar com más notícias do que com a falta delas. Não se deve tentar proteger as famílias escondendo dados que possam machucá-las. As informações servem para que as pessoas tenham tempo para digerir o terror e organizar suas esperanças, assim como suas hipóteses sobre a tragédia. Já as instruções são fundamentais porque, nesse momento de aflição máxima, os familiares não têm condições de resolver nada e precisam de alguém que assuma o controle da situação. E isso tem de ser feito de forma bastante objetiva – não há espaço para debates democráticos, do tipo: "Familiares das vítimas, vocês preferem ficar aguardando informações em um hotel ou aqui no aeroporto?". É necessário que alguém passe ordens. O cuidado psicológico propriamente dito vem numa fase posterior.
Veja – Em que ele consiste?
Parkes – Em casos de desastres que podem ter sido causados por leniência, descaso ou falha humana, é comum haver um sentimento generalizado de raiva entre os familiares. Os parentes querem, a todo custo, encontrar e, por vezes, agredir o culpado – ou os culpados – pelo desastre. Psicólogos e médicos destacados para cuidar dessas pessoas devem escutar suas queixas, mas, principalmente, tentar conter a instalação de um ciclo de raiva. O sentimento de ira não ajuda o enlutado a se organizar emocionalmente, nem mesmo alivia sua dor. É fundamental também trabalhar para que cada família tenha certeza de que seu caso será analisado – seja por psicólogos, seja por autoridades – de maneira individualizada. Em grandes desastres, as famílias tendem a achar, e não se pode tirar a razão delas, que a morte de seu parente está sendo banalizada. Isso acontece, entre outros motivos, porque as notícias veiculadas na imprensa, na maioria das vezes, falam do número total de mortes, e não especificamente do parente dela. Para um marido que perdeu a mulher, o que importa é a morte daquela mulher, não a de 200 pessoas.
Veja – É mais difícil aceitar a morte quando não se tem o corpo do morto? Parkes – Sem dúvida. É difícil acreditar que aquela pessoa morreu quando não vemos o corpo dela e não realizamos os ritos fúnebres. No episódio do 11 de Setembro, muitas famílias britânicas, que nós assistimos, não conseguiram ter de volta os corpos de seus parentes. Um de nossos trabalhos foi ajudá-las a acreditar que eles tinham mesmo morrido. Estudei uma tribo de pescadores, nas Filipinas, que chega a fazer um ritual substitutivo para lidar com uma situação dessas. Quando um dos integrantes da tribo morre no mar e seu corpo não é resgatado, a família faz uma estátua e a veste com as roupas do morto. Eles acreditam que, assim, a alma do falecido encarnará na estátua. E é essa estátua que enterram.
Veja – Na escala da dor, qual é o pior tipo de morte para quem fica?
Parkes – O que implica sentimentos de culpa pode ser considerado o pior. É o caso, por exemplo, do pai que vê o filho morrer em um acidente de carro e acha que poderia tê-lo socorrido, ou de uma pessoa que se sente responsável pelo suicídio de outra. Em segundo lugar, bem próximo do primeiro, eu diria que estão as mortes por assassinato.
Veja – Qual é o povo que lida melhor com a morte?
Parkes – Penso que os orientais se preparam melhor para a morte do que nós. No Japão, eles fazem oratórios com sinos, que, segundo crêem, invocam a pessoa morta a cada vez que são tocados. Desse modo, acreditam manter-se em contato com o espírito de seus mortos. De certa maneira, é isso que a terapia tenta fazer com os enlutados: ajudá-los não a esquecer seus mortos, mas a achar um lugar para eles em sua vida.
Veja – Quem lida melhor com a morte, os homens ou as mulheres?
Parkes – As mulheres, sem dúvida. Elas conseguem expressar seu sofrimento mais facilmente. E, uma vez vivenciado esse sentimento, elas podem fazer aquilo que se costuma chamar de "tocar a vida para a frente". Já os homens têm uma enorme dificuldade de mostrar sua fragilidade diante da morte. Por isso, têm também mais dificuldade de se organizar para continuar vivendo.
Veja – O que se deve dizer a um conhecido que acaba de perder alguém?
Parkes – As pessoas enlutadas, em geral, têm um alto grau de sensibilidade a tudo o que não seja sincero: elas percebem facilmente se alguém está fingindo tristeza ou dizendo uma palavra de conforto apenas porque foi instruído a fazê-lo. Por isso, o que quer que você diga nessa situação deve vir do coração.
Veja – Até o ano passado, o senhor trabalhava como consultor psiquiátrico de um hospital especializado no cuidado de pacientes terminais. Do ponto de vista psicológico, o que se pode fazer para amenizar o sofrimento desses doentes e de suas famílias?
Parkes – Além de tentar transmitir os mesmos sentimentos de amor e solidariedade, acho que dizer a verdade sempre ajuda. Quando alguém está morrendo, as pessoas, querendo ajudar, cometem erros clássicos. Um deles é fingir que a pessoa não está doente: "Você está com uma cara ótima hoje!", diz um parente. É evidente que é mentira, e o paciente sabe disso, mas compactua com o fingimento porque também quer proteger o familiar. Isso cria uma situação horrível! Certa vez, falei com uma senhora no dia em que o marido dela deu entrada no hospital em que eu trabalhava. Ela me disse: "O senhor não vai dizer ao meu marido que ele tem câncer, vai?". Eu havia acabado de conversar com o marido dela, que já me contara que tinha a doença! Eu perguntei: "O que faz a senhora achar que ele não sabe?". Ao que ela respondeu: "Ele sempre morreu de medo de câncer. Se o senhor lhe contar, ele vai morrer!". Eu falei: "Conversei com seu marido. Ele sabe". Ela: "Sabe? Por que ele não me contou?". Respondi: "Talvez esteja querendo protegê-la". Ela entendeu: "Como nós fomos bobos!". Voltamos à cabeceira da cama e eu deixei o casal conversando. Voltei meia hora depois. Eles estavam sentados com os braços entrelaçados. Ela chorava copiosamente e dizia: "Fomos tão bobos, não?". Mas, ao mesmo tempo, ela sorria. É que, finalmente, havia conseguido se comunicar com o marido.
Veja – O senhor foi chamado pelo governo britânico para cuidar de vítimas do tsunami. Como foi esse trabalho?
Parkes – Estive na Índia um mês depois da tragédia. Peguei a fase da reconstrução do lugar. Como morreram mais mulheres e crianças, encontrei muitos homens devastados e entregues à bebida. Eles haviam perdido a mulher, os filhos e os barcos com que ganhavam a vida, mas tinham uma resistência muito grande em aceitar ajuda psicológica. Lá, homem não chora. Fiquei estudando qual o melhor modo de ajudar aqueles sobreviventes. Depois de alguns dias, concluí que a melhor forma seria estimulá-los a participar da reconstrução de suas vilas e casas. Coordenei, então, mutirões de obras. Organizava os grupos que fariam as casas e os barcos. E, evidentemente, dava apoio psicológico e individual quando era solicitado.
Veja – E como foi o trabalho com as vítimas do 11 de Setembro?
Parkes – O governo do meu país me escalou para cuidar das famílias de vítimas britânicas que haviam morrido no atentado. Os melhores policiais da Grã-Bretanha foram enviados a Nova York para nos ajudar. Meu primeiro trabalho foi formar duplas constituídas por um policial e um terapeuta. Essas duplas receberam cada avião que chegou do Reino Unido. No total, foram 120 familiares de vítimas. Nesse caso, meu trabalho não foi propriamente o de um terapeuta, mas sim o de um grande produtor: tinha, por exemplo, de garantir que houvesse celulares suficientes, salas de entrevista, esse tipo de coisa. Mas logo fiquei conhecendo as famílias, já que estavam no mesmo hotel que nós. E o que eu e os outros psiquiatras da minha equipe percebemos foi que elas tinham uma grande necessidade de procurar seus mortos – ainda que a morte deles parecesse um fato inexorável. Os americanos haviam disponibilizado computadores que, operados por policiais, informavam o nome de todos os sobreviventes internados em hospitais de Nova York. Nós já tínhamos vasculhado esses registros e sabíamos que os parentes dessas famílias não estavam lá, mas elas insistiam em procurar por conta própria. Então, em vez de as obrigarmos a aceitar a informação de que as pessoas que elas amavam estavam mortas, ficamos ao lado delas, observando-as enquanto faziam a busca. Também as ajudamos a colar cartazes em postes com as fotos e os nomes dos parentes desaparecidos. Quanto mais fotos elas colavam, mais se davam conta de que não daria resultado. A compreensão foi vindo de forma gradual. Uma coisa que também ajudou nesse processo foi o fato de que muitas pessoas enlutadas passaram a se encontrar diariamente na Union Square, a área verde mais próxima do desastre. As famílias se sentiam bem lá, conversavam e choravam juntas. Isso colaborou para fazer com que, aos poucos, elas fossem entendendo que as pessoas que elas procuravam não voltariam mais. Foi uma boa terapia.
Veja – Por que o senhor decidiu trabalhar nessa área?
Parkes – Eu ainda era um jovem médico em Londres quando fui chamado para fazer meu primeiro parto. O médico-chefe me disse que o procedimento seria simples porque o bebê era anencéfalo e, por ter uma cabeça pequena, sairia facilmente da mãe. Ele me disse ainda para não mostrar o bebê à mãe. Fiquei chocado com isso. Também me incomodava o modo como os médicos tratavam os pacientes. Achavam que era perigoso se aproximar e se envolver emocionalmente com eles. Nunca chegavam muito perto do leito. Quando resolvi me especializar em psiquiatria, direcionei meus estudos para os piores tipos de sofrimento humano. Justamente nessa época, na clínica onde eu trabalhava, dois pacientes se suicidaram depois de passar por um forte stress causado por luto. A partir daí, foquei meu trabalho na recuperação de pessoas que haviam perdido alguém. Mas às vezes é muito difícil para mim fazer esse trabalho. Os grandes desastres, por exemplo, me deixam bastante abalado.
Veja – O que mais o abala nessas situações?
Parkes – Ver o sofrimento em massa. É avassalador. Depois do 11 de Setembro, assim que voltei de Nova York, tirei férias e viajei com meus netos. Eles disseram que eu não era mais o avô de sempre. Disseram que eu estava longe – e estava mesmo. Minha cabeça não saía de lá. É difícil ser a mesma pessoa depois de ver uma tragédia dessas."
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A fragilidade humana e a dor da morte são realidades inerentes à nossa vida e causas dos nossos maiores sofrimentos, isolada ou coletivamente. Tentar ignorá-las, mascará-las ou fugir delas são formas hipócritas e inadequadas de lidar com o problema. Conheça, abaixo, as opiniões e os ensinamentos de um dos especialistas mais experientes e respeitados do mundo nessa área, que concedeu entrevista à Revista Veja:
Entrevista com o psiquiatra Colin Murray Parkes
Matéria de Juliana Linhares, publicada na Revista Veja - edição 2021, de
13/8/2007 (obtida por cópia livre do clipping eletrônico do Ministério do Planejamento em http://clipping.planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=374701 )
O psiquiatra inglês diz o que alivia e o que agrava
o sofrimento causado pela perda de alguém muito próximo
"As pessoas enlutadas, em geral, têm um alto grau de
sensibilidade a tudo o que não seja sincero:
elas percebem facilmente se alguém está fingindo tristeza"
"Na qualidade de um dos mais respeitados estudiosos do luto do mundo, o psiquiatra inglês Colin Murray Parkes, 79 anos, viu de perto grandes tragédias e o sofrimento que elas podem causar a populações inteiras. Em 2005, ele foi chamado pelo governo britânico para dar assistência psicológica a vítimas do tsunami que atingiu vários países banhados pelo Oceano Índico, matando um total de 225 000 pessoas. Três anos antes, havia trabalhado na assistência a parentes de vítimas dos atentados de 11 de setembro em Nova York, que resultaram na morte de quase 3 000 pessoas. Mas o trabalho de Parkes não se resume a apoiar as vítimas de grandes desastres: consultor até o ano passado do St. Christopher"s Hospice, hospital inglês que é a maior referência mundial em tratamento de pacientes terminais, ele lidou por mais de quarenta anos com dramas cotidianos: aqueles vividos pelas famílias que perderam alguém no leito do hospital. Em entrevista concedida a VEJA, o psiquiatra falou sobre a dor de quem vai e de quem fica e como lidar com ela.
Veja – O que se pode fazer para ajudar uma pessoa que perdeu alguém?
Parkes – Ficar próximo dela, abraçá-la, fazê-la sentir-se compreendida e segura. Para as pessoas que perderam alguém, especialmente se a morte estiver ligada a uma situação criminal, o mundo pode parecer um lugar bastante perigoso. Parentes de vítimas ficam assustados e chegam a ter medo de estranhos. Para ajudar essas pessoas, é preciso despertar sua confiança e transmitir-lhes segurança para começar a falar e a pensar naquilo que as faz sentir-se em perigo. Deixá-las expressar sua tristeza também é importante. Ouço muitas reclamações de enlutados. Eles dizem que a família não os deixa chorar – quer vê-los alegres o tempo todo. Não há nada pior do que alguém lhe dizendo: "Não quero ver você triste assim, por favor!". Outra coisa que devasta essas pessoas é quando elas percebem que os vizinhos e os amigos se afastam delas. Escuto muitas histórias de enlutados que afirmam que seus vizinhos mudam de calçada quando os vêem chegando. É evidente que eles não fazem isso de propósito. O fato é que ninguém sabe lidar direito com a morte.
Veja – E no caso de familiares de vítimas de grandes tragédias, como a do acidente da TAM, no Brasil? Como amenizar seu sofrimento?
Parkes – No período imediatamente posterior ao acidente, o que as famílias mais precisam é de informação e instrução. Psicologicamente, é mais fácil lidar com más notícias do que com a falta delas. Não se deve tentar proteger as famílias escondendo dados que possam machucá-las. As informações servem para que as pessoas tenham tempo para digerir o terror e organizar suas esperanças, assim como suas hipóteses sobre a tragédia. Já as instruções são fundamentais porque, nesse momento de aflição máxima, os familiares não têm condições de resolver nada e precisam de alguém que assuma o controle da situação. E isso tem de ser feito de forma bastante objetiva – não há espaço para debates democráticos, do tipo: "Familiares das vítimas, vocês preferem ficar aguardando informações em um hotel ou aqui no aeroporto?". É necessário que alguém passe ordens. O cuidado psicológico propriamente dito vem numa fase posterior.
Veja – Em que ele consiste?
Parkes – Em casos de desastres que podem ter sido causados por leniência, descaso ou falha humana, é comum haver um sentimento generalizado de raiva entre os familiares. Os parentes querem, a todo custo, encontrar e, por vezes, agredir o culpado – ou os culpados – pelo desastre. Psicólogos e médicos destacados para cuidar dessas pessoas devem escutar suas queixas, mas, principalmente, tentar conter a instalação de um ciclo de raiva. O sentimento de ira não ajuda o enlutado a se organizar emocionalmente, nem mesmo alivia sua dor. É fundamental também trabalhar para que cada família tenha certeza de que seu caso será analisado – seja por psicólogos, seja por autoridades – de maneira individualizada. Em grandes desastres, as famílias tendem a achar, e não se pode tirar a razão delas, que a morte de seu parente está sendo banalizada. Isso acontece, entre outros motivos, porque as notícias veiculadas na imprensa, na maioria das vezes, falam do número total de mortes, e não especificamente do parente dela. Para um marido que perdeu a mulher, o que importa é a morte daquela mulher, não a de 200 pessoas.
Veja – É mais difícil aceitar a morte quando não se tem o corpo do morto? Parkes – Sem dúvida. É difícil acreditar que aquela pessoa morreu quando não vemos o corpo dela e não realizamos os ritos fúnebres. No episódio do 11 de Setembro, muitas famílias britânicas, que nós assistimos, não conseguiram ter de volta os corpos de seus parentes. Um de nossos trabalhos foi ajudá-las a acreditar que eles tinham mesmo morrido. Estudei uma tribo de pescadores, nas Filipinas, que chega a fazer um ritual substitutivo para lidar com uma situação dessas. Quando um dos integrantes da tribo morre no mar e seu corpo não é resgatado, a família faz uma estátua e a veste com as roupas do morto. Eles acreditam que, assim, a alma do falecido encarnará na estátua. E é essa estátua que enterram.
Veja – Na escala da dor, qual é o pior tipo de morte para quem fica?
Parkes – O que implica sentimentos de culpa pode ser considerado o pior. É o caso, por exemplo, do pai que vê o filho morrer em um acidente de carro e acha que poderia tê-lo socorrido, ou de uma pessoa que se sente responsável pelo suicídio de outra. Em segundo lugar, bem próximo do primeiro, eu diria que estão as mortes por assassinato.
Veja – Qual é o povo que lida melhor com a morte?
Parkes – Penso que os orientais se preparam melhor para a morte do que nós. No Japão, eles fazem oratórios com sinos, que, segundo crêem, invocam a pessoa morta a cada vez que são tocados. Desse modo, acreditam manter-se em contato com o espírito de seus mortos. De certa maneira, é isso que a terapia tenta fazer com os enlutados: ajudá-los não a esquecer seus mortos, mas a achar um lugar para eles em sua vida.
Veja – Quem lida melhor com a morte, os homens ou as mulheres?
Parkes – As mulheres, sem dúvida. Elas conseguem expressar seu sofrimento mais facilmente. E, uma vez vivenciado esse sentimento, elas podem fazer aquilo que se costuma chamar de "tocar a vida para a frente". Já os homens têm uma enorme dificuldade de mostrar sua fragilidade diante da morte. Por isso, têm também mais dificuldade de se organizar para continuar vivendo.
Veja – O que se deve dizer a um conhecido que acaba de perder alguém?
Parkes – As pessoas enlutadas, em geral, têm um alto grau de sensibilidade a tudo o que não seja sincero: elas percebem facilmente se alguém está fingindo tristeza ou dizendo uma palavra de conforto apenas porque foi instruído a fazê-lo. Por isso, o que quer que você diga nessa situação deve vir do coração.
Veja – Até o ano passado, o senhor trabalhava como consultor psiquiátrico de um hospital especializado no cuidado de pacientes terminais. Do ponto de vista psicológico, o que se pode fazer para amenizar o sofrimento desses doentes e de suas famílias?
Parkes – Além de tentar transmitir os mesmos sentimentos de amor e solidariedade, acho que dizer a verdade sempre ajuda. Quando alguém está morrendo, as pessoas, querendo ajudar, cometem erros clássicos. Um deles é fingir que a pessoa não está doente: "Você está com uma cara ótima hoje!", diz um parente. É evidente que é mentira, e o paciente sabe disso, mas compactua com o fingimento porque também quer proteger o familiar. Isso cria uma situação horrível! Certa vez, falei com uma senhora no dia em que o marido dela deu entrada no hospital em que eu trabalhava. Ela me disse: "O senhor não vai dizer ao meu marido que ele tem câncer, vai?". Eu havia acabado de conversar com o marido dela, que já me contara que tinha a doença! Eu perguntei: "O que faz a senhora achar que ele não sabe?". Ao que ela respondeu: "Ele sempre morreu de medo de câncer. Se o senhor lhe contar, ele vai morrer!". Eu falei: "Conversei com seu marido. Ele sabe". Ela: "Sabe? Por que ele não me contou?". Respondi: "Talvez esteja querendo protegê-la". Ela entendeu: "Como nós fomos bobos!". Voltamos à cabeceira da cama e eu deixei o casal conversando. Voltei meia hora depois. Eles estavam sentados com os braços entrelaçados. Ela chorava copiosamente e dizia: "Fomos tão bobos, não?". Mas, ao mesmo tempo, ela sorria. É que, finalmente, havia conseguido se comunicar com o marido.
Veja – O senhor foi chamado pelo governo britânico para cuidar de vítimas do tsunami. Como foi esse trabalho?
Parkes – Estive na Índia um mês depois da tragédia. Peguei a fase da reconstrução do lugar. Como morreram mais mulheres e crianças, encontrei muitos homens devastados e entregues à bebida. Eles haviam perdido a mulher, os filhos e os barcos com que ganhavam a vida, mas tinham uma resistência muito grande em aceitar ajuda psicológica. Lá, homem não chora. Fiquei estudando qual o melhor modo de ajudar aqueles sobreviventes. Depois de alguns dias, concluí que a melhor forma seria estimulá-los a participar da reconstrução de suas vilas e casas. Coordenei, então, mutirões de obras. Organizava os grupos que fariam as casas e os barcos. E, evidentemente, dava apoio psicológico e individual quando era solicitado.
Veja – E como foi o trabalho com as vítimas do 11 de Setembro?
Parkes – O governo do meu país me escalou para cuidar das famílias de vítimas britânicas que haviam morrido no atentado. Os melhores policiais da Grã-Bretanha foram enviados a Nova York para nos ajudar. Meu primeiro trabalho foi formar duplas constituídas por um policial e um terapeuta. Essas duplas receberam cada avião que chegou do Reino Unido. No total, foram 120 familiares de vítimas. Nesse caso, meu trabalho não foi propriamente o de um terapeuta, mas sim o de um grande produtor: tinha, por exemplo, de garantir que houvesse celulares suficientes, salas de entrevista, esse tipo de coisa. Mas logo fiquei conhecendo as famílias, já que estavam no mesmo hotel que nós. E o que eu e os outros psiquiatras da minha equipe percebemos foi que elas tinham uma grande necessidade de procurar seus mortos – ainda que a morte deles parecesse um fato inexorável. Os americanos haviam disponibilizado computadores que, operados por policiais, informavam o nome de todos os sobreviventes internados em hospitais de Nova York. Nós já tínhamos vasculhado esses registros e sabíamos que os parentes dessas famílias não estavam lá, mas elas insistiam em procurar por conta própria. Então, em vez de as obrigarmos a aceitar a informação de que as pessoas que elas amavam estavam mortas, ficamos ao lado delas, observando-as enquanto faziam a busca. Também as ajudamos a colar cartazes em postes com as fotos e os nomes dos parentes desaparecidos. Quanto mais fotos elas colavam, mais se davam conta de que não daria resultado. A compreensão foi vindo de forma gradual. Uma coisa que também ajudou nesse processo foi o fato de que muitas pessoas enlutadas passaram a se encontrar diariamente na Union Square, a área verde mais próxima do desastre. As famílias se sentiam bem lá, conversavam e choravam juntas. Isso colaborou para fazer com que, aos poucos, elas fossem entendendo que as pessoas que elas procuravam não voltariam mais. Foi uma boa terapia.
Veja – Por que o senhor decidiu trabalhar nessa área?
Parkes – Eu ainda era um jovem médico em Londres quando fui chamado para fazer meu primeiro parto. O médico-chefe me disse que o procedimento seria simples porque o bebê era anencéfalo e, por ter uma cabeça pequena, sairia facilmente da mãe. Ele me disse ainda para não mostrar o bebê à mãe. Fiquei chocado com isso. Também me incomodava o modo como os médicos tratavam os pacientes. Achavam que era perigoso se aproximar e se envolver emocionalmente com eles. Nunca chegavam muito perto do leito. Quando resolvi me especializar em psiquiatria, direcionei meus estudos para os piores tipos de sofrimento humano. Justamente nessa época, na clínica onde eu trabalhava, dois pacientes se suicidaram depois de passar por um forte stress causado por luto. A partir daí, foquei meu trabalho na recuperação de pessoas que haviam perdido alguém. Mas às vezes é muito difícil para mim fazer esse trabalho. Os grandes desastres, por exemplo, me deixam bastante abalado.
Veja – O que mais o abala nessas situações?
Parkes – Ver o sofrimento em massa. É avassalador. Depois do 11 de Setembro, assim que voltei de Nova York, tirei férias e viajei com meus netos. Eles disseram que eu não era mais o avô de sempre. Disseram que eu estava longe – e estava mesmo. Minha cabeça não saía de lá. É difícil ser a mesma pessoa depois de ver uma tragédia dessas."
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14.8.07
RELACIONAMENTO DE CASAL
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Quando o Amor Vira Guerra Santa
Certa tarde, conta uma antiga história sufi, Nasrudin tomava chá e conversava com um amigo sobre a vida e o amor. “Por que você nunca se casou, Nasrudin?”, perguntou o amigo. “Bem”, respondeu Nasrudin, “para dizer a verdade, passei toda a minha juventude a procurar a mulher perfeita. No Cairo, conheci uma moça linda e inteligente, com olhos que pareciam olivas pretas, mas ela não era muito cortês. Depois, em Bagdá, conheci uma mulher de alma generosa e amiga, mas não tínhamos muitos interesses em comum. Muitas mulheres passaram pela minha vida, mas em cada uma delas faltava alguma coisa, ou alguma coisa estava demais. Então, um dia, eu a conheci. Era linda, inteligente, generosa e bem-educada. Tínhamos tudo em comum. Na verdade, ela era perfeita”. “E então”, replicou o amigo de Nasrudin, “o que aconteceu? Por que você não se casou com ela?” Pensativo, Nasrudin sorveu mais um gole de chá e concluiu: “Infelizmente, parece que ela estava à procura do homem perfeito.”
Como Nasrudin, quase todos nós queremos encontrar a perfeição fora de nós mesmos. Criamos em nossa cabeça a imagem ideal da mulher ou do homem que buscamos, projetamos essa imagem em cima da namorada ou namorado, da esposa ou do marido, e queremos que ela ou ele corresponda a essa imagem. Ao alimentar essa expectativa utópica, perdemos a capacidade de entender e gostar do ser humano real ao qual nos ligamos. E, muitas vezes, como ela ou ele não podem corresponder a essa expectativa – pelo simples fato de que ela é produto da nossa idealização e dos nossos desejos fantasiosos –, acabamos, frustrados, por rejeitar a pessoa com quem nos relacionamos, quase sempre sem ter sequer “conhecido” essa pessoa.
União amorosa verdadeira: maior sonho de todo ser humano
Com uma amiga minha aconteceu algo desse tipo. Passou cinco ou seis anos casada, e deixou o marido quando percebeu que ele não se encaixava no modelo de príncipe encantado que ela cultivara desde a infância. Ele se casou novamente com outra mulher. Tempos depois, ao ouvir a nova esposa do seu ex-marido falar da vida feliz que levava com ele, e de todas as boas qualidades que faziam dele um esposo excepcional, minha amiga – ainda solitária – ficou perplexa: “Parecia que ela falava de uma pessoa que eu nunca conhecera.”
Certo. Ela nunca o conhecera de fato, porque cada vez que olhara para ele, era capaz de enxergá-lo, mas não de vê-lo. Ao esperar que ele correspondesse ao modelo idealizado de homem que ela cultivara na sua cabeça – e que só existia “dentro” dela –, perdera contato com a realidade do homem com quem se casara. Uma realidade que, possivelmente, podia ser até muito melhor do que a do modelo sonhado. Porém diferente.
Em todo casamento, de vez em quando aflora a pergunta: “Será que todo esse esforço realmente vale a pena?”
A dificuldade ou incapacidade que muitos têm de ver e aceitar a realidade do parceiro é uma das maiores causas de conflitos que podem levar a separações. Tais deficiências quase sempre são de mão dupla: quem não tem visão do outro em geral também não consegue ver com nitidez a si próprio. Vive um personagem fictício em relação à sua própria pessoa, e um outro personagem fictício projetado sobre a companheira ou companheiro. Essa relação entre dois seres imaginários transforma-se rapidamente num teatro do absurdo que se desenrola no interior da própria pessoa, levando-a a um permanente estado de frustração e sofrimento. Porque teatro tem hora. Qualquer teatro pode refletir aspectos da vida, mas nunca é a própria vida.
(Por Luis Pellegrini - texto originalmente publicado em Planeta Nova Era nº 5).
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Quando o Amor Vira Guerra Santa
Certa tarde, conta uma antiga história sufi, Nasrudin tomava chá e conversava com um amigo sobre a vida e o amor. “Por que você nunca se casou, Nasrudin?”, perguntou o amigo. “Bem”, respondeu Nasrudin, “para dizer a verdade, passei toda a minha juventude a procurar a mulher perfeita. No Cairo, conheci uma moça linda e inteligente, com olhos que pareciam olivas pretas, mas ela não era muito cortês. Depois, em Bagdá, conheci uma mulher de alma generosa e amiga, mas não tínhamos muitos interesses em comum. Muitas mulheres passaram pela minha vida, mas em cada uma delas faltava alguma coisa, ou alguma coisa estava demais. Então, um dia, eu a conheci. Era linda, inteligente, generosa e bem-educada. Tínhamos tudo em comum. Na verdade, ela era perfeita”. “E então”, replicou o amigo de Nasrudin, “o que aconteceu? Por que você não se casou com ela?” Pensativo, Nasrudin sorveu mais um gole de chá e concluiu: “Infelizmente, parece que ela estava à procura do homem perfeito.”
Como Nasrudin, quase todos nós queremos encontrar a perfeição fora de nós mesmos. Criamos em nossa cabeça a imagem ideal da mulher ou do homem que buscamos, projetamos essa imagem em cima da namorada ou namorado, da esposa ou do marido, e queremos que ela ou ele corresponda a essa imagem. Ao alimentar essa expectativa utópica, perdemos a capacidade de entender e gostar do ser humano real ao qual nos ligamos. E, muitas vezes, como ela ou ele não podem corresponder a essa expectativa – pelo simples fato de que ela é produto da nossa idealização e dos nossos desejos fantasiosos –, acabamos, frustrados, por rejeitar a pessoa com quem nos relacionamos, quase sempre sem ter sequer “conhecido” essa pessoa.
União amorosa verdadeira: maior sonho de todo ser humano
Com uma amiga minha aconteceu algo desse tipo. Passou cinco ou seis anos casada, e deixou o marido quando percebeu que ele não se encaixava no modelo de príncipe encantado que ela cultivara desde a infância. Ele se casou novamente com outra mulher. Tempos depois, ao ouvir a nova esposa do seu ex-marido falar da vida feliz que levava com ele, e de todas as boas qualidades que faziam dele um esposo excepcional, minha amiga – ainda solitária – ficou perplexa: “Parecia que ela falava de uma pessoa que eu nunca conhecera.”
Certo. Ela nunca o conhecera de fato, porque cada vez que olhara para ele, era capaz de enxergá-lo, mas não de vê-lo. Ao esperar que ele correspondesse ao modelo idealizado de homem que ela cultivara na sua cabeça – e que só existia “dentro” dela –, perdera contato com a realidade do homem com quem se casara. Uma realidade que, possivelmente, podia ser até muito melhor do que a do modelo sonhado. Porém diferente.
Em todo casamento, de vez em quando aflora a pergunta: “Será que todo esse esforço realmente vale a pena?”
A dificuldade ou incapacidade que muitos têm de ver e aceitar a realidade do parceiro é uma das maiores causas de conflitos que podem levar a separações. Tais deficiências quase sempre são de mão dupla: quem não tem visão do outro em geral também não consegue ver com nitidez a si próprio. Vive um personagem fictício em relação à sua própria pessoa, e um outro personagem fictício projetado sobre a companheira ou companheiro. Essa relação entre dois seres imaginários transforma-se rapidamente num teatro do absurdo que se desenrola no interior da própria pessoa, levando-a a um permanente estado de frustração e sofrimento. Porque teatro tem hora. Qualquer teatro pode refletir aspectos da vida, mas nunca é a própria vida.
(Por Luis Pellegrini - texto originalmente publicado em Planeta Nova Era nº 5).
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30.7.07
MEDITAÇÃO PARA A SAÚDE DA MENTE E DO CORPO
No mundo todo, a meditação é cada vez mais reconhecida como prática terapêutica benéfica para a mente e para o corpo. No Brasil, Ministério da Saúde incentiva postos de saúde e hospitais a oferecer a técnica em todo o País.
A agência do governo dos EUA responsável pelas pesquisas médicas (NIH, na sigla em inglês) reconheceu formalmente a meditação como prática terapêutica que pode ser associada à medicina convencional. Em maio de 2006, o Ministério da Saúde brasileiro baixou uma portaria em que incentiva postos de saúde e hospitais públicos a oferecer a meditação em todo o País.
Essas ações governamentais são sinais da tendência de encarar a meditação não simplesmente como prática de bem-estar, que faz bem apenas à mente e ao espírito. Parar diariamente alguns minutos para se concentrar e se desligar do turbilhão de pensamentos que ocupam constantemente a cabeça também ajuda a manter a saúde física.
"A meditação é diferente da medicina convencional porque quem cuida de você não é o médico. É você mesmo", explica a médica anestesista Kátia Silva, que coordena as atividades de meditação no Hospital Municipal Vila Nova Cachoeirinha, em São Paulo. Na cidade, 70% dos postos de saúde oferecem atividades da chamada medicina tradicional, que inclui acupuntura, tai chi chuan e meditação.
Relativamente recentes, as pesquisas começaram nos anos 70. Uma pesquisa com a palavra meditação no acervo online da Biblioteca Nacional de Medicina, do governo americano, traz 1.400 estudos científicos.
Entre outros benefícios, meditar previne e combate a depressão, a hipertensão arterial, a dor crônica, a insônia, a ansiedade e os sintomas da síndrome pré-menstrual, além de ajudar a reduzir a dependência de drogas.
Esses estudos mostram que a meditação reduz o metabolismo - os batimentos cardíacos e a respiração ficam mais lentos e o consumo de oxigênio pelas células cai. É isso que dá a sensação de relaxamento e tranqüilidade.
As mesmas pesquisas sugerem que prática também interfere no funcionamento do sistema nervoso autônomo, que é responsável, por exemplo, pela liberação dos hormônios noradrenalina e cortisol durante os momentos de stress. Em quem medita, a duração dessas "reações de alarme" são mais curtas. Dessa forma, a pressão do sangue e a força de contração do coração ficam alteradas por pouco tempo, comprometendo menos a saúde.
Apesar de serem evidentes os benefícios, a ciência ainda não consegue entender completamente como a meditação age no sistema nervoso. "Uma das dificuldades é o fato de não serem possíveis testes com modelos animais", explica a bióloga Elisa Kozasa, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Segundo especialistas, mudanças podem ser sentidas logo nas primeiras semanas. A aposentada Maria Elza Lima dos Santos, de 60 anos, descobriu a meditação no Hospital Vila Nova Cachoeirinha. Ela vivia com crises de pressão alta, que passaram após quatro meses de práticas diárias. "Antes, eu era muito nervosa. A cabeça estava sempre cheia de problemas. Aí a pressão subia. Agora fico mais relaxada, sinto uma paz de espírito", conta ela, explicando que no princípio teve dificuldades com a técnica (leia sobre a técnica no texto ao lado). "Levei um mês para aprender a me concentrar."
NA TRILHA DA ACUPUNTURA
O obstetra Roberto Cardoso, autor de Medicina e Meditação - Um Médico Ensina a Meditar (MG Editores, 136 págs, R$ 26), diz que muitos profissionais de saúde ainda têm preconceitos. "Mas isso deve mudar. A meditação começa a trilhar os passos da acupuntura, que já é um recurso reconhecido pela classe médica."
No Brasil, a instituição que mais estuda o tema é a escola médica da Unifesp, o que, segundo especialistas, ajuda a apagar a imagem religiosa e mística que normalmente se tem dos meditadores. A meditação não precisa ser necessariamente ligada a uma crença oriental.
Para que a meditação cumpra seu papel de medicina complementar e preventiva, o psicólogo José Roberto Leite, da Unifesp, explica que ela deve ser diária e constante. "É como comer ou fazer exercícios. Não basta uma semana para que você se mantenha saudável."
(por Ricardo Westin - Fonte: Jornal Estado de São Paulo, 07/07/06)
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8.7.07
CONSTRUÍDA NOS SONHOS E CONCRETIZADA NO AMOR
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"Que Deus não permita que eu perca o
ROMANTISMO, mesmo sabendo que as rosas não falam...
Que eu não perca o OTIMISMO, mesmo sabendo que o futuro que nos espera pode não ser tão alegre...
Que eu não perca a vontade de VIVER, mesmo sabendo que a vida é, em muitos momentos, dolorosa...
Que eu não perca a vontade de TER GRANDES AMIGOS, mesmo sabendo que, com as voltas do mundo, eles acabam indo embora de nossas vidas...
Que eu não perca a vontade de AJUDAR AS PESSOAS, mesmo sabendo que muitas delas são incapazes de ver, reconhecer e retribuir, esta ajuda...
Que eu não perca o EQUILÍBRIO, mesmo sabendo que inúmeras forças querem que eu caia...
Que eu não perca a VONTADE DE AMAR, mesmo sabendo que a pessoa que eu mais amo pode não sentir o mesmo sentimento por mim...
Que eu não perca a LUZ E O BRILHO NO OLHAR, mesmo sabendo que muitas coisas que verei no mundo escurecerão meus olhos...
Que eu não perca a GARRA, mesmo sabendo que a derrota e a perda são dois adversários extremamente perigoso...
Que eu não perca a RAZÃO, mesmo sabendo que as tentações da vida são inúmeras e deliciosas...
Que eu não perca o SENTIMENTO DE JUSTIÇA, mesmo sabendo que o prejudicado possa ser eu...
Que eu não perca o meu FORTE ABRAÇO, mesmo sabendo que um dia meus braços estarão fracos...
Que eu não perca a BELEZA E A ALEGRIA DE VER, mesmo sabendo que muitas lágrimas brotarão dos meus olhos e escorrerão por minha alma...
Que eu não perca o AMOR POR MINHA FAMILIA, mesmo sabendo que ela muitas vezes me exigiria esforços incríveis para manter a sua harmonia...
Que eu não perca a vontade de DOAR ESTE ENORME AMOR que existe em meu coração, mesmo sabendo que muitas vezes ele será submetido e até rejeitado...
Que eu não perca a vontade de SER GRANDE, mesmo sabendo que o mundo é pequeno...
E acima de tudo...
Que eu jamais esqueça que Deus me ama infinitamente!
Que um pequeno grão de alegria e esperança dentro de cada um é capaz de mudar e transformar qualquer coisa pois...
A VIDA É CONSTRUÍDA NOS SONHOS E CONCRETIZADA NO AMOR."
(Chico Xavier)
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"Que Deus não permita que eu perca o
ROMANTISMO, mesmo sabendo que as rosas não falam...
Que eu não perca o OTIMISMO, mesmo sabendo que o futuro que nos espera pode não ser tão alegre...
Que eu não perca a vontade de VIVER, mesmo sabendo que a vida é, em muitos momentos, dolorosa...
Que eu não perca a vontade de TER GRANDES AMIGOS, mesmo sabendo que, com as voltas do mundo, eles acabam indo embora de nossas vidas...
Que eu não perca a vontade de AJUDAR AS PESSOAS, mesmo sabendo que muitas delas são incapazes de ver, reconhecer e retribuir, esta ajuda...
Que eu não perca o EQUILÍBRIO, mesmo sabendo que inúmeras forças querem que eu caia...
Que eu não perca a VONTADE DE AMAR, mesmo sabendo que a pessoa que eu mais amo pode não sentir o mesmo sentimento por mim...
Que eu não perca a LUZ E O BRILHO NO OLHAR, mesmo sabendo que muitas coisas que verei no mundo escurecerão meus olhos...
Que eu não perca a GARRA, mesmo sabendo que a derrota e a perda são dois adversários extremamente perigoso...
Que eu não perca a RAZÃO, mesmo sabendo que as tentações da vida são inúmeras e deliciosas...
Que eu não perca o SENTIMENTO DE JUSTIÇA, mesmo sabendo que o prejudicado possa ser eu...
Que eu não perca o meu FORTE ABRAÇO, mesmo sabendo que um dia meus braços estarão fracos...
Que eu não perca a BELEZA E A ALEGRIA DE VER, mesmo sabendo que muitas lágrimas brotarão dos meus olhos e escorrerão por minha alma...
Que eu não perca o AMOR POR MINHA FAMILIA, mesmo sabendo que ela muitas vezes me exigiria esforços incríveis para manter a sua harmonia...
Que eu não perca a vontade de DOAR ESTE ENORME AMOR que existe em meu coração, mesmo sabendo que muitas vezes ele será submetido e até rejeitado...
Que eu não perca a vontade de SER GRANDE, mesmo sabendo que o mundo é pequeno...
E acima de tudo...
Que eu jamais esqueça que Deus me ama infinitamente!
Que um pequeno grão de alegria e esperança dentro de cada um é capaz de mudar e transformar qualquer coisa pois...
A VIDA É CONSTRUÍDA NOS SONHOS E CONCRETIZADA NO AMOR."
(Chico Xavier)
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8.5.07
RELAÇÃO DE CASAL: OS MITOS QUE ATRAPALHAM
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Casal feliz. Quem não deseja chegar lá? É um desejo inerente ao ser humano. Mas também é uma busca que pode estar recheada de enganos e frustrações, principalmente para quem investe nesse objetivo partindo de falsas premissas e de expectativas equivocadas. Nesses casos, nada melhor que repensar as expectativas, rever conceitos, reposicionar-se diante do assunto e, principalmente, derrubar mitos.
É o que propõe a psicóloga Lidia Rosenberg Aratangy, em uma entrevista à revista Veja (edição nº 2000, de 21/03/2007, Editora Abril). Excelente matéria, ótima contribuição da revista às pessoas que buscam uma situação mais satisfatória na vida a dois.
Psicóloga, pesquisadora e professora com mais de 30 livros publicados, dentre os quais O Anel que Tu Me Deste – O Casamento No Divã, Lidia fala sem rodeios, de modo prático e direto, derrubando mitos e propondo, em seu lugar, possibilidades realistas para uma vida a dois.
Como se trata de matéria de alto sentido social e familiar, este Blog reproduz, a seguir, trechos da entrevista, com todos os créditos às fontes citadas.
Veja – A senhora está casada há mais de 40 anos com a mesma pessoa. Isso ajuda a entender de casamento e relacionamento amoroso?
Lídia – Eu não estou casada com a mesma pessoa e também não sou a mesma pessoa. Tanto eu como ele passamos por mudanças, evoluções e involuções (... ) Aquela história de “ela é a outra metade da minha laranja” e “ele é minha cara-metade” não convence, porque duas meias caras podem fazer uma bela cara, duas meias laranjas podem fazer uma bela laranjada, mas duas meias pessoas não fazem um casal. Um casal precisa ter duas pessoas inteiras e diferentes uma da outra. Todo começo de relação amorosa carrega o mito do “fomos feitos um para o outro”, e os dois ficam procurando as afinidades e negando as diferenças. Mas para continuar junto o casal precisa ultrapassar essa etapa e começar a reconhecer as diferenças.
Veja – Mas como se garante que isso vai acontecer? Não dá para combinar antes.
Lídia – Pois é, se combinasse seria mais fácil. Acaba sendo o não dito. O interdito, o que é proibido dizer e aparece nas entrelinhas. Você espera saber a opinião do outro para saber o que deve achar também. Esse é um dos riscos de uma relação longa. Cada um já sabe exatamente do que o outro gosta, os dois ficam viciados nas mesmas escolhas, nos mesmos restaurantes, nas mesmas conversas, e deixam as coisas no piloto automático. De repente, a relação se flagra repetitiva e enfadonha.
Veja – É possível, no casamento duradouro, marido e mulher não virarem pessoas chatas um para o outro?
Lídia – É, desde que cada um mantenha a própria vida. Ninguém deve abrir mão de todas as coisas de que gostava antes de se casar, para ficar só na estreita faixa dos interesses comuns. As mulheres, em geral, estão mais dispostas a abdicar do que gostam e terminam virando reflexo do marido. No princípio, ele pode até gostar, mas com o tempo, vai olhar para o lado e ver a própria imagem. Aí ela vira uma paspalha, sem as qualidades que ele admirava.
Veja – Mas uma certa renúncia não é inevitável?
Lídia – É. Mas a melhor forma de não amargar a vida é: se resolver apostar em algo, aposte com toda determinação (...) Mas é preciso investir na escolha feita. Nós, mulheres, ainda temos a mania de valorizar sofrimento e dificuldade. Já vi mulher se queixando porque o marido comprou o presente que ela escolheu. Queria que ele fizesse um esforço maior para surpreendê-la.
Veja – É saudável discutir a relação?
Lídia – Dificilmente. O homem não fica à vontade, porque aprendeu desde pequeno que falar sobre sentimentos é coisa de mulher. Não podemos esquecer que os homens foram educados por mulheres. Aliás, me espanta que eles não usem isso em sua defesa com mais freqüência. O filhote humano é mergulhado num caldo de progesterona desde que nasce até pelo menos a adolescência, com mãe, avó, tia, babá, professora. Só tem mulher em volta. E todas falam mais do que deveriam. Enquanto perdurar esse esquema, vamos ter homens com dificuldade de falar sobre sentimentos e mulheres se sentindo vitimizadas, sacrificadas. Depois da briga, ela quer conversar. Ele quer abraçar e transar. Na visão dele, conversar com o “inimigo” vai dar mais briga. Por isso, fazer as pazes, ouvir que a mulher gosta dele, para depois conversar, pode funcionar. Mas discutir a relação, na maioria das vezes, é um monólogo do tipo: “senta aí que eu preciso te falar umas verdades”. Eles correm disso e fazem muito bem.
Veja – Quem mais procura ajuda no consultório, o homem ou a mulher?
Lídia – Quase sempre é a mulher, e a queixa mais comum é que “ele não fala”. Outra queixa muito comum é falta de sexo. Quando o casal chega ao consultório, cada um espera que eu vá dizer que o outro é maluco e precisa de tratamento. Mas, na terapia de casal, o meu papel é o de tradutora e intérprete. Algumas vezes, a terapia serve para que o casal consiga ter uma separação digna.
Veja – Normalmente, o que se ouve no fim de um casamento é que a culpa, no fundo, é dos dois. Não existe culpa de um só?
Lídia – (...) A culpa não é de ninguém. No consultório, desmonto logo isso. Além de quererem que eu diga que o parceiro é louco, os casais que me procuram querem que eu diga de quem é a culpa. Culpa é coisa para onipotente, que tem o poder de fazer a coisa certa e não faz. Para nós, reles mortais, não existe isso. Há responsabilidades, isso sim, e conseguir separar uma coisa da outra é essencial.
Veja – Faz sentido tentar salvar o casamento por causa dos filhos?
Lídia – Faz. Se você tem filho, não pode ver o casamento como algo descartável. O casal com filhos cria um vínculo permanente, casado ou não. Se houver uma separação, que ela aconteça com dignidade e cuidado. Agora, dizer que “nós só estamos juntos por causa dos filhos” é desculpa. Se o casal está junto, é porque tem mais coisa, além dos filhos.
Veja – Com todas as transformações do mundo e da sociedade, porque as pessoas continuam se casando?
Lídia –(...) A relação amorosa aparece com a possibilidade de fugir do sentimento de solidão. Quando o casamento foi inventado, seu papel era decidir sobre questões de patrimônio e herança. Só a partir de meados do século XX as pessoas começaram a se casar por amor, com a livre escolha dos parceiros. Hoje, a gente se casa para ser feliz. Pena que a expectativa seja atrapalhada por mitos como o do par perfeito, o do diálogo permanente, o da transparência absoluta.
Veja – Transparência não é uma coisa positiva em qualquer tipo de relacionamento?
Lídia – Nós não somos transparentes nem para nós mesmos, como vamos ser para os outros? Ao contar tudo ao parceiro, a pessoa pode ser de uma crueldade absurda. Precisamos reformular o conceito de felicidade. É fundamental lembrar que frustração é parte da bagagem humana, não desvio de rota. A gente tem de aprender a tolerar frustrações como parte inerente das nossas escolhas. Tem de aprender a tolerar imperfeições. Ser feliz não significa ficar o tempo todo em estado de graça, e sim ter um balanço favorável do momento e enxergar uma possibilidade de futuro.
Veja – Mas dá para resistir à tentação de saber tudo sobre o passado do cônjuge?
Lídia – Se cair nessa tentação, você precisa estar bem preparado para o que vai encontrar. E ainda pode não encontrar nada e deixar o outro mortalmente ferido por sua desconfiança. Só se deve perguntar quando se tem algo a fazer com a resposta. A relação tem de ser avaliada pela forma como a pessoa se sente nela, não pelas caixinhas fechadas.
Veja – Quando a paixão acaba, como fazer para que a relação continue?
Lídia – A paixão na acaba. e ponto final. Ela acaba e volta. É preciso estar atento, porque a paixão depende da surpresa. Por exemplo: há pouco tempo, vi a disposição e a felicidade do meu marido em ajudar a neta de 14 anos a entender matemática e me apaixonei de novo por ele. Casamento não é para preguiçoso nem para covarde. É preciso ter coragem de enfrentar mudanças e diferenças.
Veja – Por que, quase sempre, é preciso que surja uma terceira pessoa para a separação acontecer?
( ... )
Veja – Brigar de vez em quando faz bem?
Lídia – Ninguém precisa procurar briga, mas também não precisa fugir dela. Não se deve ter medo da divergência. Se o casamento for sólido, o casal tolera uma palavra atravessada de vez em quando. É falta, não é cartão amarelo. Da mesma forma, uma certa rotina é bem-vinda, porque permite que você não tenha de fazer escolhas o tempo todo.
Veja – A nova família de pai, mãe, mulher do pai, marido da mãe, quatro avós, quatro avós, meios-irmãos para todo lado está sendo bem absorvida ou anda dando nó nas cabeças?
Lídia – Dá mais nó nos mais velhos, claro, que ainda estão presos a padrões e expectativas antigos. A nova família está sendo absorvida, mas atente para o gerúndio: ela reflete o fato de que a absorção ainda está em processo, lento e gradual. Com alguns percalços inevitáveis, as famílias estão aprendendo a lidar com as novas condições, já que elas são inevitáveis. Continua dando nós, mas estamos ficando bons em desfazê-los.
Veja – Quais são alguns dos mais extremos graus de infelicidade no casamento que passaram pelo seu consultório?
Lídia – Uma das situações mais marcantes, que aconteceu mais de uma vez, é a do casal que potencializava e iluminava o que o outro tinha de melhor e de pior, oscilando o tempo todo entre momentos de extrema paixão e outros de intensa agressão, tanto verbal quanto quebrando tudo em casa. Os dois viviam ou no paraíso ou no inferno. Só não conseguiam viver na terra. Mas o caso mais extremo de infelicidade a que atendi foi o de um casal, junto havia 40 anos, em que ele tinha câncer terminal. A morte ia separá-los e eu tive de acompanhar essa despedida. Ele sofria absurdamente. Foi quando eu constatei que “felizes para sempre” quer dizer fim. Entendi melhor por que as pessoas têm tanto medo da entrega amorosa. Quando dá certo, um vai ter de viver esse processo de perda.
Veja – A mágoa da infidelidade pode ser superada? A marca fica para sempre ou some com o tempo?
Lídia – Depende de como é o pacto do casal. Para alguns, é uma marca que nunca vai sumir. Aliás, medo da infidelidade a gente tem sempre, independentemente de ter acontecido algo ou não. É um fantasma. Ninguém tem garantia numa relação amorosa.
Veja – Ciúme atrapalha muito?
Lídia – Bom, ciúme é inevitável, uma emoção primária, humana. Quem tem umbigo tem ciúme, e isso não tem nada a ver com posse. Ciúme está relacionado àquele momento em que você, criança, está do lado de fora do quarto de seus pais e a porta está fechada. Tem a ver com esse sentimento de exclusão. Agora, no relacionamento amoroso, o ciúme é problema do ciumento e ele não pode jogar para cima do outro.
Veja – Por que a mulher tende a perdoar mais? Como costuma ser a reação de cada um?
Lídia – A mulher percebe a relação como sendo de borracha, maleável, que pode ser esticada ou encolhida. Já para o homem, em geral, é irreparável. A primeira reação dele é querer se separar, como se o casamento fosse um cristal que, ao quebrar, não tem mais conserto. No momento seguinte, porém, os dois podem mudar de idéia.
Veja – Quando é que se percebe que um casamento acabou?
Lídia – O casamento só acaba quando o ressentimento é mais forte que a esperança de ser feliz. A pessoa tem de parar e refletir se a mágoa é realmente grande. O amor tem muitos canais pelos quais o afeto pode se expressar. O sexo é, sem dúvida, um deles, mas existem vários outros, como ternura, cumplicidade, lealdade. Não é preciso usar calcinha vermelha nem mandar o marido se vestir de marinheiro.
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Casal feliz. Quem não deseja chegar lá? É um desejo inerente ao ser humano. Mas também é uma busca que pode estar recheada de enganos e frustrações, principalmente para quem investe nesse objetivo partindo de falsas premissas e de expectativas equivocadas. Nesses casos, nada melhor que repensar as expectativas, rever conceitos, reposicionar-se diante do assunto e, principalmente, derrubar mitos.
É o que propõe a psicóloga Lidia Rosenberg Aratangy, em uma entrevista à revista Veja (edição nº 2000, de 21/03/2007, Editora Abril). Excelente matéria, ótima contribuição da revista às pessoas que buscam uma situação mais satisfatória na vida a dois.
Psicóloga, pesquisadora e professora com mais de 30 livros publicados, dentre os quais O Anel que Tu Me Deste – O Casamento No Divã, Lidia fala sem rodeios, de modo prático e direto, derrubando mitos e propondo, em seu lugar, possibilidades realistas para uma vida a dois.
Como se trata de matéria de alto sentido social e familiar, este Blog reproduz, a seguir, trechos da entrevista, com todos os créditos às fontes citadas.
Veja – A senhora está casada há mais de 40 anos com a mesma pessoa. Isso ajuda a entender de casamento e relacionamento amoroso?
Lídia – Eu não estou casada com a mesma pessoa e também não sou a mesma pessoa. Tanto eu como ele passamos por mudanças, evoluções e involuções (... ) Aquela história de “ela é a outra metade da minha laranja” e “ele é minha cara-metade” não convence, porque duas meias caras podem fazer uma bela cara, duas meias laranjas podem fazer uma bela laranjada, mas duas meias pessoas não fazem um casal. Um casal precisa ter duas pessoas inteiras e diferentes uma da outra. Todo começo de relação amorosa carrega o mito do “fomos feitos um para o outro”, e os dois ficam procurando as afinidades e negando as diferenças. Mas para continuar junto o casal precisa ultrapassar essa etapa e começar a reconhecer as diferenças.
Veja – Mas como se garante que isso vai acontecer? Não dá para combinar antes.
Lídia – Pois é, se combinasse seria mais fácil. Acaba sendo o não dito. O interdito, o que é proibido dizer e aparece nas entrelinhas. Você espera saber a opinião do outro para saber o que deve achar também. Esse é um dos riscos de uma relação longa. Cada um já sabe exatamente do que o outro gosta, os dois ficam viciados nas mesmas escolhas, nos mesmos restaurantes, nas mesmas conversas, e deixam as coisas no piloto automático. De repente, a relação se flagra repetitiva e enfadonha.
Veja – É possível, no casamento duradouro, marido e mulher não virarem pessoas chatas um para o outro?
Lídia – É, desde que cada um mantenha a própria vida. Ninguém deve abrir mão de todas as coisas de que gostava antes de se casar, para ficar só na estreita faixa dos interesses comuns. As mulheres, em geral, estão mais dispostas a abdicar do que gostam e terminam virando reflexo do marido. No princípio, ele pode até gostar, mas com o tempo, vai olhar para o lado e ver a própria imagem. Aí ela vira uma paspalha, sem as qualidades que ele admirava.
Veja – Mas uma certa renúncia não é inevitável?
Lídia – É. Mas a melhor forma de não amargar a vida é: se resolver apostar em algo, aposte com toda determinação (...) Mas é preciso investir na escolha feita. Nós, mulheres, ainda temos a mania de valorizar sofrimento e dificuldade. Já vi mulher se queixando porque o marido comprou o presente que ela escolheu. Queria que ele fizesse um esforço maior para surpreendê-la.
Veja – É saudável discutir a relação?
Lídia – Dificilmente. O homem não fica à vontade, porque aprendeu desde pequeno que falar sobre sentimentos é coisa de mulher. Não podemos esquecer que os homens foram educados por mulheres. Aliás, me espanta que eles não usem isso em sua defesa com mais freqüência. O filhote humano é mergulhado num caldo de progesterona desde que nasce até pelo menos a adolescência, com mãe, avó, tia, babá, professora. Só tem mulher em volta. E todas falam mais do que deveriam. Enquanto perdurar esse esquema, vamos ter homens com dificuldade de falar sobre sentimentos e mulheres se sentindo vitimizadas, sacrificadas. Depois da briga, ela quer conversar. Ele quer abraçar e transar. Na visão dele, conversar com o “inimigo” vai dar mais briga. Por isso, fazer as pazes, ouvir que a mulher gosta dele, para depois conversar, pode funcionar. Mas discutir a relação, na maioria das vezes, é um monólogo do tipo: “senta aí que eu preciso te falar umas verdades”. Eles correm disso e fazem muito bem.
Veja – Quem mais procura ajuda no consultório, o homem ou a mulher?
Lídia – Quase sempre é a mulher, e a queixa mais comum é que “ele não fala”. Outra queixa muito comum é falta de sexo. Quando o casal chega ao consultório, cada um espera que eu vá dizer que o outro é maluco e precisa de tratamento. Mas, na terapia de casal, o meu papel é o de tradutora e intérprete. Algumas vezes, a terapia serve para que o casal consiga ter uma separação digna.
Veja – Normalmente, o que se ouve no fim de um casamento é que a culpa, no fundo, é dos dois. Não existe culpa de um só?
Lídia – (...) A culpa não é de ninguém. No consultório, desmonto logo isso. Além de quererem que eu diga que o parceiro é louco, os casais que me procuram querem que eu diga de quem é a culpa. Culpa é coisa para onipotente, que tem o poder de fazer a coisa certa e não faz. Para nós, reles mortais, não existe isso. Há responsabilidades, isso sim, e conseguir separar uma coisa da outra é essencial.
Veja – Faz sentido tentar salvar o casamento por causa dos filhos?
Lídia – Faz. Se você tem filho, não pode ver o casamento como algo descartável. O casal com filhos cria um vínculo permanente, casado ou não. Se houver uma separação, que ela aconteça com dignidade e cuidado. Agora, dizer que “nós só estamos juntos por causa dos filhos” é desculpa. Se o casal está junto, é porque tem mais coisa, além dos filhos.
Veja – Com todas as transformações do mundo e da sociedade, porque as pessoas continuam se casando?
Lídia –(...) A relação amorosa aparece com a possibilidade de fugir do sentimento de solidão. Quando o casamento foi inventado, seu papel era decidir sobre questões de patrimônio e herança. Só a partir de meados do século XX as pessoas começaram a se casar por amor, com a livre escolha dos parceiros. Hoje, a gente se casa para ser feliz. Pena que a expectativa seja atrapalhada por mitos como o do par perfeito, o do diálogo permanente, o da transparência absoluta.
Veja – Transparência não é uma coisa positiva em qualquer tipo de relacionamento?
Lídia – Nós não somos transparentes nem para nós mesmos, como vamos ser para os outros? Ao contar tudo ao parceiro, a pessoa pode ser de uma crueldade absurda. Precisamos reformular o conceito de felicidade. É fundamental lembrar que frustração é parte da bagagem humana, não desvio de rota. A gente tem de aprender a tolerar frustrações como parte inerente das nossas escolhas. Tem de aprender a tolerar imperfeições. Ser feliz não significa ficar o tempo todo em estado de graça, e sim ter um balanço favorável do momento e enxergar uma possibilidade de futuro.
Veja – Mas dá para resistir à tentação de saber tudo sobre o passado do cônjuge?
Lídia – Se cair nessa tentação, você precisa estar bem preparado para o que vai encontrar. E ainda pode não encontrar nada e deixar o outro mortalmente ferido por sua desconfiança. Só se deve perguntar quando se tem algo a fazer com a resposta. A relação tem de ser avaliada pela forma como a pessoa se sente nela, não pelas caixinhas fechadas.
Veja – Quando a paixão acaba, como fazer para que a relação continue?
Lídia – A paixão na acaba. e ponto final. Ela acaba e volta. É preciso estar atento, porque a paixão depende da surpresa. Por exemplo: há pouco tempo, vi a disposição e a felicidade do meu marido em ajudar a neta de 14 anos a entender matemática e me apaixonei de novo por ele. Casamento não é para preguiçoso nem para covarde. É preciso ter coragem de enfrentar mudanças e diferenças.
Veja – Por que, quase sempre, é preciso que surja uma terceira pessoa para a separação acontecer?
( ... )
Veja – Brigar de vez em quando faz bem?
Lídia – Ninguém precisa procurar briga, mas também não precisa fugir dela. Não se deve ter medo da divergência. Se o casamento for sólido, o casal tolera uma palavra atravessada de vez em quando. É falta, não é cartão amarelo. Da mesma forma, uma certa rotina é bem-vinda, porque permite que você não tenha de fazer escolhas o tempo todo.
Veja – A nova família de pai, mãe, mulher do pai, marido da mãe, quatro avós, quatro avós, meios-irmãos para todo lado está sendo bem absorvida ou anda dando nó nas cabeças?
Lídia – Dá mais nó nos mais velhos, claro, que ainda estão presos a padrões e expectativas antigos. A nova família está sendo absorvida, mas atente para o gerúndio: ela reflete o fato de que a absorção ainda está em processo, lento e gradual. Com alguns percalços inevitáveis, as famílias estão aprendendo a lidar com as novas condições, já que elas são inevitáveis. Continua dando nós, mas estamos ficando bons em desfazê-los.
Veja – Quais são alguns dos mais extremos graus de infelicidade no casamento que passaram pelo seu consultório?
Lídia – Uma das situações mais marcantes, que aconteceu mais de uma vez, é a do casal que potencializava e iluminava o que o outro tinha de melhor e de pior, oscilando o tempo todo entre momentos de extrema paixão e outros de intensa agressão, tanto verbal quanto quebrando tudo em casa. Os dois viviam ou no paraíso ou no inferno. Só não conseguiam viver na terra. Mas o caso mais extremo de infelicidade a que atendi foi o de um casal, junto havia 40 anos, em que ele tinha câncer terminal. A morte ia separá-los e eu tive de acompanhar essa despedida. Ele sofria absurdamente. Foi quando eu constatei que “felizes para sempre” quer dizer fim. Entendi melhor por que as pessoas têm tanto medo da entrega amorosa. Quando dá certo, um vai ter de viver esse processo de perda.
Veja – A mágoa da infidelidade pode ser superada? A marca fica para sempre ou some com o tempo?
Lídia – Depende de como é o pacto do casal. Para alguns, é uma marca que nunca vai sumir. Aliás, medo da infidelidade a gente tem sempre, independentemente de ter acontecido algo ou não. É um fantasma. Ninguém tem garantia numa relação amorosa.
Veja – Ciúme atrapalha muito?
Lídia – Bom, ciúme é inevitável, uma emoção primária, humana. Quem tem umbigo tem ciúme, e isso não tem nada a ver com posse. Ciúme está relacionado àquele momento em que você, criança, está do lado de fora do quarto de seus pais e a porta está fechada. Tem a ver com esse sentimento de exclusão. Agora, no relacionamento amoroso, o ciúme é problema do ciumento e ele não pode jogar para cima do outro.
Veja – Por que a mulher tende a perdoar mais? Como costuma ser a reação de cada um?
Lídia – A mulher percebe a relação como sendo de borracha, maleável, que pode ser esticada ou encolhida. Já para o homem, em geral, é irreparável. A primeira reação dele é querer se separar, como se o casamento fosse um cristal que, ao quebrar, não tem mais conserto. No momento seguinte, porém, os dois podem mudar de idéia.
Veja – Quando é que se percebe que um casamento acabou?
Lídia – O casamento só acaba quando o ressentimento é mais forte que a esperança de ser feliz. A pessoa tem de parar e refletir se a mágoa é realmente grande. O amor tem muitos canais pelos quais o afeto pode se expressar. O sexo é, sem dúvida, um deles, mas existem vários outros, como ternura, cumplicidade, lealdade. Não é preciso usar calcinha vermelha nem mandar o marido se vestir de marinheiro.
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3.5.07
QUANDO ACHAR QUE NADA VAI BEM, PENSE NISSO...
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O filho que muitas vezes não limpa o quarto e está a ver televisão significa que está em casa.
A desordem que tenho que limpar depois de uma festa significa que estivemos rodeados de familiares e amigos.
As roupas que me estão apertadas? Tenho mais do que o suficiente para comer.
O trabalho que tenho a limpar a casa? Tenho uma casa.
As queixas que escuto acerca do governo? Tenho liberdade de expressão.
Não encontro estacionamento? Tenho carro.
Os gritos das crianças? Posso ouvir!
O cansaço no final do dia? Posso trabalhar.
O despertador que me acorda todas as manhãs? Estou vivo!
Finalmente, a quantidade de mensagens que recebo significa que tenho amigos a pensar em mim.
A desordem que tenho que limpar depois de uma festa significa que estivemos rodeados de familiares e amigos.
As roupas que me estão apertadas? Tenho mais do que o suficiente para comer.
O trabalho que tenho a limpar a casa? Tenho uma casa.
As queixas que escuto acerca do governo? Tenho liberdade de expressão.
Não encontro estacionamento? Tenho carro.
Os gritos das crianças? Posso ouvir!
O cansaço no final do dia? Posso trabalhar.
O despertador que me acorda todas as manhãs? Estou vivo!
Finalmente, a quantidade de mensagens que recebo significa que tenho amigos a pensar em mim.
QUANDO PENSARES QUE A VIDA TE CORRE MAL, LÊ OUTRA VEZ ESTA MENSAGEM.
(Mensagem recebida de uma amiga, sem citação de autor)
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2.4.07
UMA DAS RAZÕES POR QUE JESUS CHOROU
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Aos que não aceitam os relatos cristãos sobre a Paixão de Cristo, peço licença. Aos que aceitam, peço uma reflexão, aliás oportuna, agora que se inicia a Semana Santa. Contudo, refiro-me a uma reflexão material, física, que independe de vertentes religiosas.
Transcrevo, a seguir, aquilo que alguns denominam de Boletim Médico das últimas horas de Jesus. A descrição a seguir é atribuída a um estudioso francês, o médico Dr. Barbet , discorrendo sobre a possibilidade de compreender realmente as dores de Jesus durante a sua paixão.
"Eu sou um cirurgião, e dou aulas há algum tempo. Por treze anos vivi em companhia de cadáveres e durante a minha carreira estudei a fundo anatomia. Posso portanto escrever sem presunção."
01. Jesus entrou em agonia no Getsemani - escreve o evangelista Lucas – orava mais intensamente. "E seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra". O único evangelista que relata o fato é um médico, Lucas . E o faz com a precisão dum clínico. O suar sangue, ou "hematidrose", é um fenômeno raríssimo. Se produz em condições excepcionais: para provocá-lo é necessário uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda emoção, por um grande medo. O terror, o susto, a angústia terrível de sentir-se carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado Jesus. Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pele, e então escorre por todo o corpo até a terra
02. Conhecemos a farsa do processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio de Jesus a Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes. Pilatos cede, e então ordena a flagelação de Jesus. Os soldados despojam Jesus e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio. A flagelação se efetua com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas bolinhas de chumbo e de pequenos ossos.
Os carrascos devem ter sido dois, um de cada lado, e de diferente estatura. Golpeiam com chibatadas a pele, já alterada por milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele se dilacera e se rompe; o sangue espirra. A cada golpe Jesus reage em um sobressalto de dor. As forças se esvaem; um suor frio lhe impregna a fronte, a cabeça gira em uma vertigem de náusea, calafrios lhe correm ao longo das costas. Se não estivesse preso no alto pelos pulsos, cairia em uma poça de sangue.
03. Depois o escárnio da coroação. Com longos espinhos, mais duros que aqueles da acácia, os algozes entrelaçam uma espécie de capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os espinhos penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar (os cirurgiões sabem o quanto sangra o couro cabeludo).
04. Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem dilacerado à multidão feroz, o entrega para ser crucificado. Colocam sobre os ombros de Jesus o grande braço horizontal da Cruz; pesa uns cinqüenta quilos. A estaca vertical já está plantada sobre o Calvário. Jesus caminha com os pés descalços pelas ruas de terreno irregular, cheias de pedregulhos. Os soldados o puxam com as cordas. O percurso, é de cerca de 600 metros. Jesus, fatigado, arrasta um pé após o outro, freqüentemente cai sobre os joelhos. E os ombros de Jesus estão cobertos de chagas. Quando ele cai por terra, a viga lhe escapa, escorrega, e lhe esfola o dorso.
05. Sobre o Calvário tem início a crucificação. Os carrascos despojam o condenado, mas a sua túnica está colada nas chagas e tirá-la é atroz.
Alguma vez vocês tiraram uma atadura de gaze de uma grande chaga? Não sofreram vocês mesmos esta experiência, que muitas vezes precisa de anestesia? Podem agora vos dar conta do que se trata. Cada fio de tecido adere à carne viva: ao levarem a túnica, se laceram as terminações nervosas postas em descoberto pelas chagas. Os carrascos dão um puxão violento. Como aquela dor atroz não provoca uma síncope?
O sangue começa a escorrer. Jesus é deitado de costas, as suas chagas se incrustam de pé e pedregulhos. Depositam-no sobre o braço horizontal da cruz. Os algozes tomam as medidas. Com uma broca, é feito um furo na madeira para facilitar a penetração dos pregos; horrível suplício! Os carrascos pegam um prego (um longo prego pontudo e quadrado), o apoiam sobre o pulso de Jesus, com um golpe certeiro de martelo o plantam e o rebatem sobre a madeira. Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente. No mesmo instante o seu pólice, com um movimento violento se posicionou opostamente na palma da mão; o nervo mediano foi lesado. Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter provado; uma dor lancinante, agudíssima, que se difundiu pelos dedos, e espalhou-se, como uma língua de fogo, pelos ombros, lhe atingindo o cérebro. Uma dor mais insuportável que um homem possa provar, ou seja, aquela produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos. De sólido provoca uma síncope e faz perder a consciência. Em Jesus não. Pelo menos se o nervo tivesse sido cortado!
Ao contrário (constata-se experimentalmente com freqüência) o nervo foi destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego: quando o corpo for suspenso na cruz, o nervo se esticará fortemente como uma corda de violino esticada sobre a cravelha.
A cada solavanco, a cada movimento, vibrará despertando dores dilacerantes. Um suplício que durará três horas.
O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava; elevam Jesus, colocando-o primeiro sentado e depois em pé; consequentemente fazendo-o tombar para trás, o encostam na estaca vertical. Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da cruz sobre a estaca vertical. Os ombros da vítima esfregaram dolorosamente sobre a madeira áspera. As pontas cortantes da grande coroa de espinhos o laceraram o crânio. A pobre cabeça de Jesus inclinou-se para frente, uma vez que a espessura do capacete o impedia de apoiar-se na madeira. Cada vez que o mártir levanta a cabeça, recomeçam pontadas agudíssimas.
Pregam-lhe os pés. Ao meio-dia Jesus tem sede. Não bebeu desde a tarde anterior. As feições são impressas, o vulto é uma máscara de sangue. A boca está semi-aberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe queima, mas ele não pode engolir. Tem sede. Um soldado lhe estende sobre a ponta de uma vara, uma esponja embebida em bebida ácida, em uso entre os militares. Tudo aquilo é uma tortura atroz. Um estranho fenômeno se produz no corpo de Jesus. Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai se acentuando: os deltóides, os bíceps esticados e levantados, os dedos se curvam. Se diria um ferido atingido de tétano, presa de uma horrível crise que não se pode descrever. A isto que os médicos chamam tetania, quando os sintomas se generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem em ondas imóveis, em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço, e os respiratórios. A respiração se faz, pouco a pouco mais curta. O ar entra com um sibilo, mas não consegue mais sair. Jesus respira com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena crise, seu rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho, depois se transforma num violeta purpúreo e enfim em cianítico.
Jesus atingido pela asfixia, sufoca. Os pulmões cheios de ar não podem mais esvaziar-se. A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita. Que dores atrozes devem ter martelado o seu crânio!
Mas o que acontece? Lentamente com um esforço sobre-humano, Jesus tomou um ponto de apoio sobre o prego dos pés. Esforçando-se a pequenos golpes, se eleva aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem. A respiração se torna mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial. Por que esse esforço? Porque Jesus quer falar: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem".
Logo em seguida o corpo começa afrouxar-se de novo, e a asfixia recomeça. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por ele na cruz: cada vez que quer falar, deverá elevar-se tendo como apoio o prego dos pés, inimaginável!
Enxames de moscas, grandes moscas verdes e azuis, zunem ao redor do seu corpo; irritam sobre o seu rosto, mas ele não pode enxotá-las.
Pouco depois o céu escurece, o sol se esconde: de repente a temperatura se abaixa.Logo serão três da tarde. Jesus luta sempre: de vez em quando se eleve para respirar. A asfixia periódica do infeliz que está destroçado. Uma tortura que dura três horas. Todas as suas dores, a sede, as cãibras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, lhe arrancaram um lamento: 'Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?'. Jesus grita: 'Tudo está consumado!'. Em seguida, num grande brado disse: 'Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito'.
E morre.
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Aos que não aceitam os relatos cristãos sobre a Paixão de Cristo, peço licença. Aos que aceitam, peço uma reflexão, aliás oportuna, agora que se inicia a Semana Santa. Contudo, refiro-me a uma reflexão material, física, que independe de vertentes religiosas.
Transcrevo, a seguir, aquilo que alguns denominam de Boletim Médico das últimas horas de Jesus. A descrição a seguir é atribuída a um estudioso francês, o médico Dr. Barbet , discorrendo sobre a possibilidade de compreender realmente as dores de Jesus durante a sua paixão.
"Eu sou um cirurgião, e dou aulas há algum tempo. Por treze anos vivi em companhia de cadáveres e durante a minha carreira estudei a fundo anatomia. Posso portanto escrever sem presunção."
01. Jesus entrou em agonia no Getsemani - escreve o evangelista Lucas – orava mais intensamente. "E seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra". O único evangelista que relata o fato é um médico, Lucas . E o faz com a precisão dum clínico. O suar sangue, ou "hematidrose", é um fenômeno raríssimo. Se produz em condições excepcionais: para provocá-lo é necessário uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda emoção, por um grande medo. O terror, o susto, a angústia terrível de sentir-se carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado Jesus. Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pele, e então escorre por todo o corpo até a terra
02. Conhecemos a farsa do processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio de Jesus a Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes. Pilatos cede, e então ordena a flagelação de Jesus. Os soldados despojam Jesus e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio. A flagelação se efetua com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas bolinhas de chumbo e de pequenos ossos.
Os carrascos devem ter sido dois, um de cada lado, e de diferente estatura. Golpeiam com chibatadas a pele, já alterada por milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele se dilacera e se rompe; o sangue espirra. A cada golpe Jesus reage em um sobressalto de dor. As forças se esvaem; um suor frio lhe impregna a fronte, a cabeça gira em uma vertigem de náusea, calafrios lhe correm ao longo das costas. Se não estivesse preso no alto pelos pulsos, cairia em uma poça de sangue.
03. Depois o escárnio da coroação. Com longos espinhos, mais duros que aqueles da acácia, os algozes entrelaçam uma espécie de capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os espinhos penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar (os cirurgiões sabem o quanto sangra o couro cabeludo).
04. Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem dilacerado à multidão feroz, o entrega para ser crucificado. Colocam sobre os ombros de Jesus o grande braço horizontal da Cruz; pesa uns cinqüenta quilos. A estaca vertical já está plantada sobre o Calvário. Jesus caminha com os pés descalços pelas ruas de terreno irregular, cheias de pedregulhos. Os soldados o puxam com as cordas. O percurso, é de cerca de 600 metros. Jesus, fatigado, arrasta um pé após o outro, freqüentemente cai sobre os joelhos. E os ombros de Jesus estão cobertos de chagas. Quando ele cai por terra, a viga lhe escapa, escorrega, e lhe esfola o dorso.
05. Sobre o Calvário tem início a crucificação. Os carrascos despojam o condenado, mas a sua túnica está colada nas chagas e tirá-la é atroz.
Alguma vez vocês tiraram uma atadura de gaze de uma grande chaga? Não sofreram vocês mesmos esta experiência, que muitas vezes precisa de anestesia? Podem agora vos dar conta do que se trata. Cada fio de tecido adere à carne viva: ao levarem a túnica, se laceram as terminações nervosas postas em descoberto pelas chagas. Os carrascos dão um puxão violento. Como aquela dor atroz não provoca uma síncope?
O sangue começa a escorrer. Jesus é deitado de costas, as suas chagas se incrustam de pé e pedregulhos. Depositam-no sobre o braço horizontal da cruz. Os algozes tomam as medidas. Com uma broca, é feito um furo na madeira para facilitar a penetração dos pregos; horrível suplício! Os carrascos pegam um prego (um longo prego pontudo e quadrado), o apoiam sobre o pulso de Jesus, com um golpe certeiro de martelo o plantam e o rebatem sobre a madeira. Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente. No mesmo instante o seu pólice, com um movimento violento se posicionou opostamente na palma da mão; o nervo mediano foi lesado. Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter provado; uma dor lancinante, agudíssima, que se difundiu pelos dedos, e espalhou-se, como uma língua de fogo, pelos ombros, lhe atingindo o cérebro. Uma dor mais insuportável que um homem possa provar, ou seja, aquela produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos. De sólido provoca uma síncope e faz perder a consciência. Em Jesus não. Pelo menos se o nervo tivesse sido cortado!
Ao contrário (constata-se experimentalmente com freqüência) o nervo foi destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego: quando o corpo for suspenso na cruz, o nervo se esticará fortemente como uma corda de violino esticada sobre a cravelha.
A cada solavanco, a cada movimento, vibrará despertando dores dilacerantes. Um suplício que durará três horas.
O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava; elevam Jesus, colocando-o primeiro sentado e depois em pé; consequentemente fazendo-o tombar para trás, o encostam na estaca vertical. Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da cruz sobre a estaca vertical. Os ombros da vítima esfregaram dolorosamente sobre a madeira áspera. As pontas cortantes da grande coroa de espinhos o laceraram o crânio. A pobre cabeça de Jesus inclinou-se para frente, uma vez que a espessura do capacete o impedia de apoiar-se na madeira. Cada vez que o mártir levanta a cabeça, recomeçam pontadas agudíssimas.
Pregam-lhe os pés. Ao meio-dia Jesus tem sede. Não bebeu desde a tarde anterior. As feições são impressas, o vulto é uma máscara de sangue. A boca está semi-aberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe queima, mas ele não pode engolir. Tem sede. Um soldado lhe estende sobre a ponta de uma vara, uma esponja embebida em bebida ácida, em uso entre os militares. Tudo aquilo é uma tortura atroz. Um estranho fenômeno se produz no corpo de Jesus. Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai se acentuando: os deltóides, os bíceps esticados e levantados, os dedos se curvam. Se diria um ferido atingido de tétano, presa de uma horrível crise que não se pode descrever. A isto que os médicos chamam tetania, quando os sintomas se generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem em ondas imóveis, em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço, e os respiratórios. A respiração se faz, pouco a pouco mais curta. O ar entra com um sibilo, mas não consegue mais sair. Jesus respira com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena crise, seu rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho, depois se transforma num violeta purpúreo e enfim em cianítico.
Jesus atingido pela asfixia, sufoca. Os pulmões cheios de ar não podem mais esvaziar-se. A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita. Que dores atrozes devem ter martelado o seu crânio!
Mas o que acontece? Lentamente com um esforço sobre-humano, Jesus tomou um ponto de apoio sobre o prego dos pés. Esforçando-se a pequenos golpes, se eleva aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem. A respiração se torna mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial. Por que esse esforço? Porque Jesus quer falar: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem".
Logo em seguida o corpo começa afrouxar-se de novo, e a asfixia recomeça. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por ele na cruz: cada vez que quer falar, deverá elevar-se tendo como apoio o prego dos pés, inimaginável!
Enxames de moscas, grandes moscas verdes e azuis, zunem ao redor do seu corpo; irritam sobre o seu rosto, mas ele não pode enxotá-las.
Pouco depois o céu escurece, o sol se esconde: de repente a temperatura se abaixa.Logo serão três da tarde. Jesus luta sempre: de vez em quando se eleve para respirar. A asfixia periódica do infeliz que está destroçado. Uma tortura que dura três horas. Todas as suas dores, a sede, as cãibras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, lhe arrancaram um lamento: 'Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?'. Jesus grita: 'Tudo está consumado!'. Em seguida, num grande brado disse: 'Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito'.
E morre.
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12.3.07
ABUSO SEXUAL NA INFÂNCIA E DESAJUSTES NA IDADE ADULTA
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Um número muito grande de desajustes emocionais e toda sorte de distúrbios da personalidade na idade adulta tem raízes em episódios ocorridos na infância ou adolescência. Dizem as pesquisas e os especialistas que, entre esses episódios, os abusos sexuais aparecem com impressionante freqüência.
Para compreender essa realidade, uma boa reportagem às vezes ajuda mais do que a explicação técnica de um especialista. O texto abaixo reproduz apenas uma reportagem de jornal, mas aborda a questão com clareza e objetividade. Embora o relato não seja de ocorrências e pesquisas no Brasil, pode nos ajudar a compreender o problema, lidar melhor com ele e prevenir que aconteça em nosso ambiente.
12/03/2007
Estatísticas revelam que 67% das vítimas de ataque sexual têm menos de 18 anos
By Chuck Plunkett e Jeffrey A. Roberts
The Denver Post/The New York Times News Service
Quando Patricia tinha sete anos, uma babá a violou sexualmente e roubou grande parte da sua vida.Mais de 40 anos depois, Patricia continua recebendo auxílio terapêutico. Ela já lutou contra a anorexia, a bulimia, o consumo de drogas e álcool, os impulsos suicidas, a ansiedade intensa e a depressão debilitante.
Após a sua terrível experiência com a babá, Patricia voltou à escola incapaz de soletrar palavras simples que já conhecia, como "who" ("quem) e "how" ("como")."Era como se a minha cabeça estivesse dentro de uma caixa de vidro", conta Patricia. "Eu conseguia enxergar. Era capaz de ouvir sons abafados. Mas eu tinha perdido o contato com o meu corpo. Eu sentia um medo extremo de tudo".
A odisséia de Patricia para recuperar o controle sobre a sua vida começou no final da década de 1960, anos antes de o movimento dos direitos das mulheres colocar em cena o espectro do abuso sexual de crianças. Para preservar a sua privacidade, o "Denver Post" não está publicando o nome completo de Patricia.
Uma geração após o início do trauma de Patricia, as mais prováveis vítimas de abuso sexual são de longe os adolescentes jovens e as crianças.Uma análise de cerca de 55 mil casos anunciados de estupros e ataques sexuais ocorridos em 2004 revela que cerca de 67% de todas as vítimas desse tipo de ataque têm menos de 18 anos, e que 30% têm menos de 11 anos.
O "Denver Post" analisou dados divulgados sobre crimes violentos apresentados ao Birô Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês) por agências policiais de 25 Estados norte-americanos, incluindo o Colorado. O banco de dados do FBI é resultado de um programa voluntário denominado Sistema Nacional de Relatórios Baseados em Incidentes (NIBRS, na sigla em inglês). O projeto faz parte de um programa obrigatório do FBI, o Relatório Uniforme de Crimes, que fornece informações bem mais detalhadas, incluindo as idades das vítimas de ataque sexual.Os dados do NIBRS proporciona um raro vislumbre estatístico do elevado número de ataques sexuais denunciados. As estatísticas mais bem conhecidas utilizadas pelos funcionários que atuam na linha de frente do combate ao abuso sexual são fruto de pesquisas quantitativas e não da análise de registros criminais. O "Denver Post" consultou Howard Snyder, pesquisador do Centro Nacional de Justiça Juvenil, que analisou uma amostra mais condensada dos dados coletados de 1991 a 1996. O estudo de Snyder também revelou que mais de dois terços das vítimas tem menos de 18 anos.Segundo os especialistas, o que torna os dados mais perturbadores é o fato de não existir uma solução simples para o problema do abuso sexual infantil.
"A maioria das pessoa não conhece essas estatísticas", explica Vitoria Strong, que dirige o Centro Front Range de Prevenção de Ataques, que promove projetos educacionais nas escolas para a prevenção de abusos sexuais. "Não creio que a maioria dos distritos escolares preste a atenção devida ao problema", afirma Strong. "Isso até que algo de ruim aconteça".Strong e outros especialistas dizem que embora seja comum que os adultos advirtam os filhos a respeito do perigo muito raro de seqüestro por um desconhecido, os estudos revelaram que a maioria dos perpetradores de abusos sexuais é composta por parentes, amigos, professores, técnicos esportivos e clérigos. Irmãos e primos mais velhos também podem cometer abusos sexuais.
E os especialistas dizem que nem mesmo a melhor educação preventiva para as crianças jovens é suficiente."Não se pode esperar que as crianças protejam a si próprias", explica Mary Wyman, conselheira da organização Lost and Found, em Wheat Ridge, no Colorado, que trabalha com vítimas e perpetradores dos ataques sexuais. "As crianças são muito programadas para se submeterem à autoridade", afirma Wyman. "E os indivíduos que atacam as crianças são hábeis em suas ações. Eu nunca conheci um molestador sexual que fosse desagradável".
Sendo assim, os adultos necessitam de dicas específicas sobre como identificarem o potencial perpetrador, dizem os especialistas. Mas quando os distritos escolares oferecem aulas de educação aos pais para a prevenção do abuso sexual, poucos são os que participam."Existe um alto grau de negação desse problema", afirma Peter Pollard, diretor de educação pública do Stop It Now!, um programa da costa leste dos Estados Unidos cujo objetivo é proporcionar educação preventiva para adultos. "Creio, sem sombra de dúvidas, que todos nos beneficiaríamos caso nos focássemos nisso".Muitos Estados exigem que professores e funcionários de escolas informem a respeito de qualquer alegação de abuso sexual de crianças. Mas somente cerca de 60% das escolas de primeiro grau do país estão fornecendo algum tipo de educação para a prevenção do abuso sexual,afirma Pam Church, autora do popular programa Good-Touch/Bad-Touch (Toque Bom/ Toque Ruim)."O problema não é que todos os programas sejam iguais", afirma Church. "Alguns fazem um show de marionetes, que é muito divertido, mas isso não consiste em prevenção".
Church e os seus colegas da ChildHelp defendem uma educação preventiva anual que tenha início já no jardim de infância. Essa educação progressivamente detalhada tem início com três sessões de 30 minutos cada uma. Na quarta série a duração de cada sessão é de uma hora.Como muitos pais não desejam que as escolas forneçam educação sexual aos seus filhos quando estes são assim tão novos - e alguns não querem sequer que as escolas forneçam tal educação em qualquer idade -, Church e outros especialistas frisam que a educação preventiva não procura explicar os mecanismos do sexo, mas sim promover a consciência pessoal sobre o corpo, o pensamento crítico e a prevenção da violência. Mesmo assim, a questão de como alertar as crianças sobre uma questão tão difícil continua sendo complicada.
No Distrito Escolar de Boulder Valley, ao norte de Denver, as autoridades municipais estão elaborando há três anos um programa preventivo abrangente - mas ainda não implementaram integralmente as sessões em sala de aula.A funcionária Katy Fleming lamenta o atraso, e acrescenta: "Todos entendem o fato de que uma criança que foi sexualmente abusada não aprenderá as lições na escola".Esse fato é claro para Patricia. Embora tenha sido uma aluna brilhante antes de ser vítima do abuso, o trauma que sofreu a confundiu tanto que ela teve que, em certos momentos, recorrer à cola nas provas para passar de ano."Eu urinava nas calças", conta ela. "Tive vários ataques de ansiedade. Aos dez anos, estava consumindo álcool".
Histórias individuais como a de Patricia sublinham os crimes denunciados que constam do banco de dados do NIBRS e as conclusões assustadoras a respeito das idades das vítimas de ataque sexual. Mas o banco de dados tem as suas limitações. Como ele é de caráter voluntário, e relativamente novo, muitas cidades grandes não estão contribuindo. Os dados do NIBRS são também limitados, dizem os especialistas, pelo fato de a maioria dos estupros e ataques sexuais cometidos contra crianças jovens nunca serem denunciados, ou só serem notificados vários anos depois.
Os pais têm procurado cada vez mais os programas de educação sobre abuso sexual para ajudarem a manter as suas crianças seguras.Kathy Smith, de Louisville, no Colorado, recentemente participou de uma aula do grupo Parenting Safe Children (Criando os Filhos com Segurança) a fim de aprender mais sobre como proteger Aiden, o seu filho de dois anos e meio. As aulas frisam que a responsabilidade pela proteção dos filhos é dos adultos, diz Feather Berkower, a diretora do programa. Os pais aprendem perguntas utilizadas para avaliar outros adultos, como técnicos esportivos ou os pais de um amigo na casa do qual o filho passará a noite. A aula também fornece dicas sobre como proporcionar às crianças maior controle e consciência. Por exemplo, enquanto ensina Aiden a usar o vaso sanitário, Smith atualmente aproveita esse momento para dar nome às partes do corpo e para incutir conceitos que formam os blocos construtores que vão propiciar uma melhor comunicação à medida que Aiden cresça."Quem é o chefe do seu corpo?", pergunta Smith ao filho. "Você é o chefe do seu corpo".
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Um número muito grande de desajustes emocionais e toda sorte de distúrbios da personalidade na idade adulta tem raízes em episódios ocorridos na infância ou adolescência. Dizem as pesquisas e os especialistas que, entre esses episódios, os abusos sexuais aparecem com impressionante freqüência.
Para compreender essa realidade, uma boa reportagem às vezes ajuda mais do que a explicação técnica de um especialista. O texto abaixo reproduz apenas uma reportagem de jornal, mas aborda a questão com clareza e objetividade. Embora o relato não seja de ocorrências e pesquisas no Brasil, pode nos ajudar a compreender o problema, lidar melhor com ele e prevenir que aconteça em nosso ambiente.
12/03/2007
Estatísticas revelam que 67% das vítimas de ataque sexual têm menos de 18 anos
By Chuck Plunkett e Jeffrey A. Roberts
The Denver Post/The New York Times News Service
Quando Patricia tinha sete anos, uma babá a violou sexualmente e roubou grande parte da sua vida.Mais de 40 anos depois, Patricia continua recebendo auxílio terapêutico. Ela já lutou contra a anorexia, a bulimia, o consumo de drogas e álcool, os impulsos suicidas, a ansiedade intensa e a depressão debilitante.
Após a sua terrível experiência com a babá, Patricia voltou à escola incapaz de soletrar palavras simples que já conhecia, como "who" ("quem) e "how" ("como")."Era como se a minha cabeça estivesse dentro de uma caixa de vidro", conta Patricia. "Eu conseguia enxergar. Era capaz de ouvir sons abafados. Mas eu tinha perdido o contato com o meu corpo. Eu sentia um medo extremo de tudo".
A odisséia de Patricia para recuperar o controle sobre a sua vida começou no final da década de 1960, anos antes de o movimento dos direitos das mulheres colocar em cena o espectro do abuso sexual de crianças. Para preservar a sua privacidade, o "Denver Post" não está publicando o nome completo de Patricia.
Uma geração após o início do trauma de Patricia, as mais prováveis vítimas de abuso sexual são de longe os adolescentes jovens e as crianças.Uma análise de cerca de 55 mil casos anunciados de estupros e ataques sexuais ocorridos em 2004 revela que cerca de 67% de todas as vítimas desse tipo de ataque têm menos de 18 anos, e que 30% têm menos de 11 anos.
O "Denver Post" analisou dados divulgados sobre crimes violentos apresentados ao Birô Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês) por agências policiais de 25 Estados norte-americanos, incluindo o Colorado. O banco de dados do FBI é resultado de um programa voluntário denominado Sistema Nacional de Relatórios Baseados em Incidentes (NIBRS, na sigla em inglês). O projeto faz parte de um programa obrigatório do FBI, o Relatório Uniforme de Crimes, que fornece informações bem mais detalhadas, incluindo as idades das vítimas de ataque sexual.Os dados do NIBRS proporciona um raro vislumbre estatístico do elevado número de ataques sexuais denunciados. As estatísticas mais bem conhecidas utilizadas pelos funcionários que atuam na linha de frente do combate ao abuso sexual são fruto de pesquisas quantitativas e não da análise de registros criminais. O "Denver Post" consultou Howard Snyder, pesquisador do Centro Nacional de Justiça Juvenil, que analisou uma amostra mais condensada dos dados coletados de 1991 a 1996. O estudo de Snyder também revelou que mais de dois terços das vítimas tem menos de 18 anos.Segundo os especialistas, o que torna os dados mais perturbadores é o fato de não existir uma solução simples para o problema do abuso sexual infantil.
"A maioria das pessoa não conhece essas estatísticas", explica Vitoria Strong, que dirige o Centro Front Range de Prevenção de Ataques, que promove projetos educacionais nas escolas para a prevenção de abusos sexuais. "Não creio que a maioria dos distritos escolares preste a atenção devida ao problema", afirma Strong. "Isso até que algo de ruim aconteça".Strong e outros especialistas dizem que embora seja comum que os adultos advirtam os filhos a respeito do perigo muito raro de seqüestro por um desconhecido, os estudos revelaram que a maioria dos perpetradores de abusos sexuais é composta por parentes, amigos, professores, técnicos esportivos e clérigos. Irmãos e primos mais velhos também podem cometer abusos sexuais.
E os especialistas dizem que nem mesmo a melhor educação preventiva para as crianças jovens é suficiente."Não se pode esperar que as crianças protejam a si próprias", explica Mary Wyman, conselheira da organização Lost and Found, em Wheat Ridge, no Colorado, que trabalha com vítimas e perpetradores dos ataques sexuais. "As crianças são muito programadas para se submeterem à autoridade", afirma Wyman. "E os indivíduos que atacam as crianças são hábeis em suas ações. Eu nunca conheci um molestador sexual que fosse desagradável".
Sendo assim, os adultos necessitam de dicas específicas sobre como identificarem o potencial perpetrador, dizem os especialistas. Mas quando os distritos escolares oferecem aulas de educação aos pais para a prevenção do abuso sexual, poucos são os que participam."Existe um alto grau de negação desse problema", afirma Peter Pollard, diretor de educação pública do Stop It Now!, um programa da costa leste dos Estados Unidos cujo objetivo é proporcionar educação preventiva para adultos. "Creio, sem sombra de dúvidas, que todos nos beneficiaríamos caso nos focássemos nisso".Muitos Estados exigem que professores e funcionários de escolas informem a respeito de qualquer alegação de abuso sexual de crianças. Mas somente cerca de 60% das escolas de primeiro grau do país estão fornecendo algum tipo de educação para a prevenção do abuso sexual,afirma Pam Church, autora do popular programa Good-Touch/Bad-Touch (Toque Bom/ Toque Ruim)."O problema não é que todos os programas sejam iguais", afirma Church. "Alguns fazem um show de marionetes, que é muito divertido, mas isso não consiste em prevenção".
Church e os seus colegas da ChildHelp defendem uma educação preventiva anual que tenha início já no jardim de infância. Essa educação progressivamente detalhada tem início com três sessões de 30 minutos cada uma. Na quarta série a duração de cada sessão é de uma hora.Como muitos pais não desejam que as escolas forneçam educação sexual aos seus filhos quando estes são assim tão novos - e alguns não querem sequer que as escolas forneçam tal educação em qualquer idade -, Church e outros especialistas frisam que a educação preventiva não procura explicar os mecanismos do sexo, mas sim promover a consciência pessoal sobre o corpo, o pensamento crítico e a prevenção da violência. Mesmo assim, a questão de como alertar as crianças sobre uma questão tão difícil continua sendo complicada.
No Distrito Escolar de Boulder Valley, ao norte de Denver, as autoridades municipais estão elaborando há três anos um programa preventivo abrangente - mas ainda não implementaram integralmente as sessões em sala de aula.A funcionária Katy Fleming lamenta o atraso, e acrescenta: "Todos entendem o fato de que uma criança que foi sexualmente abusada não aprenderá as lições na escola".Esse fato é claro para Patricia. Embora tenha sido uma aluna brilhante antes de ser vítima do abuso, o trauma que sofreu a confundiu tanto que ela teve que, em certos momentos, recorrer à cola nas provas para passar de ano."Eu urinava nas calças", conta ela. "Tive vários ataques de ansiedade. Aos dez anos, estava consumindo álcool".
Histórias individuais como a de Patricia sublinham os crimes denunciados que constam do banco de dados do NIBRS e as conclusões assustadoras a respeito das idades das vítimas de ataque sexual. Mas o banco de dados tem as suas limitações. Como ele é de caráter voluntário, e relativamente novo, muitas cidades grandes não estão contribuindo. Os dados do NIBRS são também limitados, dizem os especialistas, pelo fato de a maioria dos estupros e ataques sexuais cometidos contra crianças jovens nunca serem denunciados, ou só serem notificados vários anos depois.
Os pais têm procurado cada vez mais os programas de educação sobre abuso sexual para ajudarem a manter as suas crianças seguras.Kathy Smith, de Louisville, no Colorado, recentemente participou de uma aula do grupo Parenting Safe Children (Criando os Filhos com Segurança) a fim de aprender mais sobre como proteger Aiden, o seu filho de dois anos e meio. As aulas frisam que a responsabilidade pela proteção dos filhos é dos adultos, diz Feather Berkower, a diretora do programa. Os pais aprendem perguntas utilizadas para avaliar outros adultos, como técnicos esportivos ou os pais de um amigo na casa do qual o filho passará a noite. A aula também fornece dicas sobre como proporcionar às crianças maior controle e consciência. Por exemplo, enquanto ensina Aiden a usar o vaso sanitário, Smith atualmente aproveita esse momento para dar nome às partes do corpo e para incutir conceitos que formam os blocos construtores que vão propiciar uma melhor comunicação à medida que Aiden cresça."Quem é o chefe do seu corpo?", pergunta Smith ao filho. "Você é o chefe do seu corpo".
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27.2.07
FREQÜENTE, PROGRESSIVO E TRAIÇOEIRO, MAS BANALIZADO POR QUASE TODOS NÓS
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São muitos os problemas que podem levar as pessoas ao sofrimento, ao desajuste, ao desespero e à extrema necessidade de ajuda. Doenças mentais, dependência química e falta de ambiente propicio à formação da personalidade durante as fases de desenvolvimento podem ser apontados entre os mais comuns. Mas, no desdobramento das diversas formas de dependência, um dos problemas mais freqüentes, progressivos, traiçoeiros e também de conseqüências trágicas é o alcoolismo.
Ter noção do que é o alcoolismo, suas causas, seus sinais e das suas formas de evolução é muito importante, tanto para o dependente quanto para as pessoas que queiram ajudá-lo.
Essas explicações detalhadas, que incluem dicas para saber se alguém é dependente ou não, estão disponíveis numa página de AA. Clique aqui para acessar. Neste outro link você encontrará um método simples para avaliar se uma pessoa está bebendo demais .
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São muitos os problemas que podem levar as pessoas ao sofrimento, ao desajuste, ao desespero e à extrema necessidade de ajuda. Doenças mentais, dependência química e falta de ambiente propicio à formação da personalidade durante as fases de desenvolvimento podem ser apontados entre os mais comuns. Mas, no desdobramento das diversas formas de dependência, um dos problemas mais freqüentes, progressivos, traiçoeiros e também de conseqüências trágicas é o alcoolismo.
Ter noção do que é o alcoolismo, suas causas, seus sinais e das suas formas de evolução é muito importante, tanto para o dependente quanto para as pessoas que queiram ajudá-lo.
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12.2.07
VOCÊ OROU HOJE?
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"Hoje, Senhor, agradeço pela noite maravilhosa, pelo cobertor que me aqueceu, pelo meu alimento, por mais um dia de trabalho. E principalmente por mais um dia de vida. Abençoa, Senhor, meus amigos e inimigos, porque eles também precisam de Ti. Abençoa, Senhor, o meu amigo que está lendo esta mensagem agora."
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"Hoje, Senhor, agradeço pela noite maravilhosa, pelo cobertor que me aqueceu, pelo meu alimento, por mais um dia de trabalho. E principalmente por mais um dia de vida. Abençoa, Senhor, meus amigos e inimigos, porque eles também precisam de Ti. Abençoa, Senhor, o meu amigo que está lendo esta mensagem agora."
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7.2.07
HOMENS TEMIDOS
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"Aqueles que amam ser temidos temem ser amados, e eles próprios são mais medrosos do que todos, porque enquanto os outros homens temem apenas a eles, eles temem a tudo."
(São Francisco de Assis)
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"Aqueles que amam ser temidos temem ser amados, e eles próprios são mais medrosos do que todos, porque enquanto os outros homens temem apenas a eles, eles temem a tudo."
(São Francisco de Assis)
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