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Fim de ano vem, Ano Novo vai, vem ano, vai ano... Festas e férias à parte, vemos o tempo inexorável marchando sem parar.
Quando temos 10 ou 15 anos de idade, o tempo passa devagar. Como temos desejos e sonhos que ainda não estão ao nosso alcance, queremos que o tempo passe rapidamente. Entretanto, nessa fase da vida, uma década parece uma eternidade... Mas quando se chega à plena maturidade, a percepção cronológica vai mudando. Aos 60 ou 70, uma década terá passado com muita rapidez, talvez uma incômoda rapidez.
Esse é o inevitável curso da vida. Para mim, para você e para todos. Conciliar-se com essa realidade é uma questão de harmonia e sabedoria. Envelhecer pode ser uma etapa dramática ou harmoniosa. Doce ou amarga. Depende de nós. Depende de nossa arte e de nossa lógica.
É como o inverno. Há que saber entender-se com ele e descobrir o que de bom ele significa. Não é sábio esperar da natureza e da vida apenas uma das suas faces. A vida é feita de elementos distintos, mas interligados. Opostos, mas sucessivos. Temos sol e temos chuva. Há o dia, depois a noite. O que seria de nós se não soubéssemos o que fazer da noite e dos dias de chuva?
Assim acontece em relação à juventude e à velhice. Deixar que a fase pós-juventude se torne um capítulo triste é não encará-la com inteligência. Há tempo de plantar e há tempo de colher. E para quem não plantou no devido tempo, há até o consolo de saber que, ainda assim, existem chances de colher alguma coisa.
Quaisquer que sejam nossas concepções de vida e nossas convicções pessoais, há duas verdades fundamentais. A primeira: só não envelhece quem morre antes. A outra: a segunda metade da vida também nos abre possibilidades. Cabe-nos descobrir o que colher nessa fase. Descobrir, principalmente, que doando também se colhe.
"Tudo tem seu tempo determinado. Há tempo para tudo debaixo do céu. Há tempo de plantar e de colher. Há tempo de espalhar e tempo de recolher o que se espalhou. Há tempo de amar e aborrecer. Tempo de cair e de levantar ..." (livro de Eclesiastes, capítulo 3).
Escrito por Ricardo Zani
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